Porco alentejano para degustação divulgará o combate aos falsos rótulos

Até ao final deste mês deverá ser aprovada em Bruxelas uma directiva que obrigue a designar por porco preto aquele que é produzido com as regras que serão definidas.

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Visitantes da feira podem assistir à Mostra do Porco António Carrapato

Na próxima semana decorrerá na Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre (EHTP) uma acção de degustação de porco preto. A iniciativa partiu da Associação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano (ANCPA) para “esclarecer e alertar para a distinção entre o porco alentejano e o falso”, explicou, ao PÚBLICO, o director executivo da ANCPA, Pedro Bento.

A degustação será feita no dia 11 de Abril nas instalações da EHTP, tendo já decorrido na semana passada uma formação dos 100 alunos desta instituição, que foram ensinados a confeccionar e a saber distinguir o porco alentejano. “Começámos por promover junto de quem trabalha com o produto e agora queremos divulgar as futuras alterações no mercado com a nova norma de comercialização deste produto”, disse Pedro Bento.

Para ajudar a combater a comercialização falsa de produtos alegadamente de porco preto alentejano, o Ministério da Agricultura enviou recentemente uma proposta para Bruxelas que visa regularizar o uso e designação do porco preto no mercado português. A ANCPA fez parte da definição das normas que espera ver aprovadas brevemente.

O público-alvo da degustação serão os produtores do porco alentejano, várias empresas de hotelaria e restauração e a comunicação social. Mais tarde, pretendem alargar ao público em geral. “É importante que as pessoas ganhem consciência e conheçam o paladar do verdadeiro porco alentejano para não pensarem que aquele que se vende no nosso país é o verdadeiro”, sublinha o director executivo.

Pedro Bento afirma que 90% da carne de porco preto alentejano comercializado em Portugal é falsa. “É vendida a um preço baixo e desleal porque é de outro tipo de porco. Se em 2005 se escoava para o mercado nacional cerca de 500 destes porcos, hoje nenhum é praticamente vendido”, denuncia o director.

Por sua vez, a directora da EHTP, Maria Conceição Grilo, agarrou a proposta da ANCPA porque a considerou importante para a formação dos alunos e para a promoção dos produtos regionais. “Os alunos ficam a conhecer como devem utilizar o porco preto para no futuro serem uns dos promotores desta carne”, afirmou ao PÚBLICO. Além de ser também uma forma de dar a conhecer a escola e as competências culinárias adquiridas pelos estudantes.

O almoço, que será realizado no restaurante da escola, já tem o menu planeado e será executado no dia por uma turma de 20 alunos. A carne será servida também em enchidos e presunto, com a presença de um cortador profissional que fará uma demonstração de como deve ser fatiada a peça.

Em Portugal, existem cerca de 300 explorações de porco alentejano. A grande maioria da carne produzida parte para a vizinha Espanha porque cá não tem escoamento ao preço exigido pela qualidade do produto. O crescimento em campo e alimentação natural dá origem a uma carne mais tenra, com menos gordura, mais vermelha e, naturalmente, mais cara uma vez que é a produção é feita de forma extensiva. A cor preta é a característica mais distintiva do animal e daí a designação “porco preto”.

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