Dezenas de feridos em confrontos nas "marchas da dignidade" em Madrid

Saúde, educação, desemprego e despejos são os principais temas do manifesto que esteve por trás da convocatória promovida por 300 organizações.

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Foram detidas dezenas de pessoas por "actos de vandalismo" GERARD JULIEN/AFP
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Os distúrbios e a carga policial ocorreram já na fase final da manifestação PEDRO ARMESTRE/AFP
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Grupos de jovens envolveram-se em confrontos com a polícia PEDRO ARMESTRE/AFP
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Milhares saíram às ruas em Espanha PAUL HANNA/REUTERS
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Uma das marchas na capital espanhola GERARD JULIEN/AFP
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Manifestante com máscara em Madrid GERARD JULIEN/AFP

Depois de um dia tranquilo, começaram os distúrbios em várias zonas de Madrid, onde milhares de pessoas vindas de todas as regiões de Espanha se manifestaram este sábado.

Segundo El País, os primeiros confrontos entre manifestantes e polícias antimotim aconteceram na praça Colón e na rua de Génova.

A carga policial, que o mesmo jornal diz ter sido motivada pelo lançamento de petardos por manifestantes, fez pelo menos 88 feridos: 33 pessoas que participaram na manifestação e 55 polícias. A maioria sofreu ferimentos ligeiros e apenas 15 precisaram de cuidados médicos no hospital. Foram ainda detidas pelo menos 29 pessoas.

A informação oficial do Governo espanhol avança que a polícia deteve manifestantes por actos de vandalismo, como apedrejamentos e destruição de montras de entidades bancárias.

Os media espanhóis sublinham que os distúrbios foram iniciados por um pequeno grupo de jovens, entre as várias dezenas de milhares de pessoas que saíram para as ruas. O site do diário descreve mais cargas policiais na avenida Castellana, em direcção à estação da Atocha.

Foram 35 as manifestações convocadas pelas Marchas da Dignidade, um movimento que reúne 300 organizações em protesto contra a "urgência social" que atravessa o país, onde o desemprego está nos 26%.

Saúde, educação, desemprego e despejos são os principais temas do manifesto que esteve por trás da convocatória e que evoca as "marés humanas" promovidas por colectivos profissionais que invadiram Madrid em protestos gigantescos em 2011 e 2012.

Nos últimos anos, o Governo do PP cortou milhões de euros no orçamento para a saúde (os gastos do Estado diminuíram 13% entre 2010 e 2014) e para a educação (o Orçamento perdeu 6300 milhões de euros entre 2010 e 2013), ao mesmo tempo que só em 2013 mais de 35 mil famílias foram despejadas das suas casas por não conseguirem continuar a pagar as hipotecas ao banco.

Sánchez Gordillo, presidente do município de Marinaleda, na Andaluzia, disse aos jornalistas que a iniciativa pode reunir "um milhão de pessoas em Madrid, algo que não se vê há muitos anos".

Muitas das pessoas que estarão em Madrid fizeram o caminho das suas terras até à capital espanhola a pé: alguns grupos iniciaram a marcha há mais de um mês. É o que acontece com gente vinda da Andaluzia, no Sul, da Catalunha, no Leste, das Astúrias, no Noroeste, e da Extremadura, no Ocidente de Espanha.
 
"Nem desemprego nem exílio nem precaridade. Marchas, marchas, marchas pela dignidade", gritaram alguns manifestantes à chegada. "Será uma marcha cidadã que vai encher a capital de dignidade", prometera Diego Cañamero, porta-voz do Sindicato Andaluz dos Trabalhadores, uma das organizações envolvidas.

Salvador Victoria, porta-voz da Comunidade de Madrid, governada pelos conservadores do Partido Popular, descreveu as marchas como "colunas da extrema-esquerda" e os organizadores denunciam que 100 autocarros foram retidos pela guarda civil à entrada da cidade. A ideia dos promotores é permanecer na capital – para os próximos dias estão previstos debates e conferências.

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