Israel intercepta mísseis do Irão para a Faixa de Gaza

Raide da marinha israelita a navio registado no Panamá perto do Sudão.

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Cargueiro no porto de Ashdod. Israel interceptou um navio com mísseis que teriam destino a Gaza a caminho do Sudão Amir Cohen/Reuters

Israel anunciou que interceptou um carregamento de mísseis de médio alcance perto do Sudão. As autoridades dizem que o Irão está por trás da operação e que o material, fabricado na Síria, tinha como destino a Faixa de Gaza.

Na madrugada de quarta-feira, diz o diário Ha’aretz, forças israelitas interceptaram um cargueiro, registado no Panamá, descobrindo a bordo dezenas de rockets fabricados na Síria, com alcance de cerca de 100 quilómetros. Trata-se do mesmo tipo de rockets usado pelo movimento xiita libanês Hezbollah na guerra entre Israel e o Líbano em 2006.

“Temos provas conclusivas de que os rockets que estavam a bordo deste navio e podemos dizer com certeza que o Irão está por trás desta operação”, disse um responsável militar ao Ha’aretz. O militar relatou o percurso das armas – da Síria, foram carregadas num avião no aeroporto de Damasco para o Irão, daí postas no cargueiro, que arrancou, há cerca de dez dias. Ainda passou pelo Iraque – onde Israel acredita que foram cobertos com cimento para disfarçar a carga -, antes de se dirigir a um porto no Sudão.

As forças israelitas interceptaram o navio cerca de um dia antes de este conseguir chegar ao Sudão. Os rockets deveriam depois seguir, via terreste, pelo Sinai, no Egipto, até à Faixa de Gaza. Depois do raide das forças israelitas, o navio foi dirigido para o porto de Eilat, no sul de Israel, e as autoridades estavam ainda a questionar os 17 tripulantes para perceber se tiveram algum papel na operação.

O Ha’aretz lembra outras operações de intercepção de navios com armas escondidas. Em Março de 2011, o Victoria, navio alemão mas com bandeira liberiana vindo do Irão, foi interceptado a 200 quilómetros da costa de Israel. Trazia, segundo o exército israelita, “toneladas de armas escondidas com destino a organizações terroristas a operar na Faixa de Gaza”.

Em 2009, um navio alemão com bandeira da Antígua com 500 toneladas de armas foi interceptado ao largo de Chipre, a 160 quilómetros de Israel depois de um aviso norte-americano, segundo o que foi relatado na altura. As armas teriam como destino o Líbano, violando uma resolução da ONU que fixava termos de um acordo de cessar-fogo entre os dois lados no ano anterior.

Ainda antes, em 2002, ficou conhecida a operação Arca de Noé, quando militares israelitas interceptaram o navio Karine A com 50 toneladas de mísseis, morteiros, espingardas e munições que viriam do Irão para combatentes palestinianos. 

O movimento palestiniano Hamas, no poder na Faixa de Gaza, negou qualquer envolvimento e disse que a história está a ser usada para “justificar o bloqueio” israelita à Faixa de Gaza. Israel controla a fronteira e restringe a entrada de muito material que possa ser usado contra si - o que inclui, por exemplo, material de construção. O Egipto bloqueia a fronteira terreste, e desde o derrube do Presidente Mohamed Morsi as novas autoridades têm fortalecido o controlo e inundado dezenas de túneis usados para contrabando.

Israel responsabiliza o Hamas pelos rockets lançados da Faixa de Gaza, por este controlar o território. O Hamas diz, pelo seu lado, que tem cumprido o cessar-fogo. Outros grupos extremistas têm reivindicado ataques após o cessar-fogo entre Israel e o Hamas de 2012 – foram lançados mais de 60 rockets de Gaza para Israel desde então.

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