O artista Maximo Caminero entrou no novo Perez Art Museum Miami, aproximou-se da instalação do artista Ai Weiwei composta por 16 vasos coloridos, pegou num deles e ergueu-o. Quando a segurança da sala o abordou, deixou-o cair e a peça, que valerá perto de um milhão de dólares, despedaçou-se no chão. Caminero diz que se tratou de um protesto contra a ausência de artistas locais no museu. Ai Weiwei responde que não apoia a destruição de obras de arte alheias em museus.
A instalação "Colored Vases", que faz parte da exposição "Ai Weiwei: According to What?", está em frente ao tríptico de fotografias "Dropping the Urn" (1995) em que o próprio artista e dissidente chinês ergue, impassível, um vaso que remonta à dinastia Han e o deixa cair. "Vi-o como uma provocação de Weiwei para que me juntasse a ele num acto de performance de protesto", justificou Caminero, artista de origem dominicana e residente em Miami.
Mas Ai Weiwei disse à BBC News que considera que, apesar de não ter dado "muita atenção" ao caso, o acto de Caminero é “um pouco diferente” daquele que ele próprio protagonizou em 1995 e que é ilustrado pelas fotografias. “Não apoio ninguém que faça algo como isto”, disse ainda sobre a destruição de obras em museus. “As peças sobre as quais trabalho não pertencem a um museu ou a outras pessoas. Aqueles vasos pertencem-me.”
Maximo Caminero, que agendou uma conferência de imprensa sobre o assunto para esta terça-feira em Miami, foi detido no local e enfrenta agora acusações que podem levar a uma pena de cinco anos de prisão. Segundo o "Miami New Times", o artista nascido na República Dominicana justificou o seu acto, que descreveu como instintivo, como sendo em prol “de todos os artistas locais em Miami que nunca expuseram em museus” da cidade, queixando-se que as instituições museológicas da cidade “têm gasto tantos milhões em artistas internacionais”.
Ai Weiwei, que foi detido 81 dias pelas autoridades chinesas em 2011 e que continua a ser uma voz crítica sobre o regime chinês, lembrou à BBC que a sua obra também não é exposta no seu país de origem. E, ao "New York Times", questionou a justificação de Caminero. “O argumento não sustenta o acto” que ele perpetrou. Questionado sobre o facto de a instalação vandalizada ter como pano de fundo o tríptico a preto e branco de Ai Weiwei a destruir um outro vaso e sobre se não há um lado de homenagem no acto do artista dominicano, Ai lembrou que o seu “trabalho tem sido partido ou destruído em diferentes ocasiões”, mas por diferentes motivos, e que este caso “é um pouco diferente. As peças sobre as quais trabalho não pertencem a um museu ou a outras pessoas”.
Agora, o museu, inaugurado em Dezembro passado e que custou 95,4 milhões de euros, está a trabalhar com as autoridades policiais, lê-se num comunicado do Perez Art Museum Miami.