Princípios elementares dos sevens

Num jogo com menos jogadores que no XV, qualquer erro defensivo será muito difícil de compensar, porque vai sempre abrir um buraco noutro local

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Nos sevens, como na maioria dos desportos, a posse de bola é de extrema importância. Se juntarmos o facto de que nesta variante do râguebi o tempo de jogo ser de 14 minutos e só haver sete jogadores de cada lado num campo de dimensões normais para XV, então o conceito de posse de bola toma outras proporções.

Qualquer posse de bola pode representar perigo e, geralmente, quem a tem mais tempo acaba por ganhar. Passamos o jogo todo a querer a bola, a conservá-la da melhor forma, mesmo que, para isso, se tenha que recuar no terreno, ou fazer um passe muito profundo, para organizar a equipa.

Todo este conceito tem um relevo enorme nos inícios ou reinícios de jogo, nos alinhamentos e formações ordenadas, ou seja nas designadas fases estáticas. Mas é no “jogo aberto” que minimizar os erros e não perder a bola para o adversário tem grande importância. Isto porque, geralmente, a equipa que está a atacar tem uma organização diferente do que quando defende e a perda ou entrega de bola ao adversário vai provocar o caos na equipa e, num campo com tanto espaço, pode claramente representar pontos sofridos.

Nos sevens, a bola quer-se maioritariamente na mão, mas sem dúvida, que o jogo ao pé pode ser extremamente perigoso como arma atacante, no caso da defesa estar mal organizada e deixar espaço livre nas costas para um jogador rápido a poder ir buscar. Ou ainda, quando temos uma penalidade que nos é favorável e estamos bem dentro da nossa zona defensiva e pretendemos aliviar alguma pressão, chutamos com o objectivo de ganhar terreno e manter a bola na nossa posse, uma vez que nestes casos, a introdução no alinhamento será da equipa que beneficia da penalidade.

Outro aspecto vital nos sevens é a defesa. Colectiva ou individual. A defesa colectiva obriga a organização, treino e bastantes minutos a jogar para tudo estar bem “ligado” e sabermos como e quando é que cada jogador se movimenta, ao passo que a defesa individual, para além da sua componente técnica, requer acima de tudo vontade e querer, e este será o ponto mais importante da motivação.

Num jogo com menos jogadores que no XV, qualquer erro defensivo será muito complicado de compensar, porque vai sempre abrir um buraco noutro local, ao contrário do XV, em que a compensação defensiva tem sempre mais sucesso. A defesa, um contra um, não pode falhar e aqui, a técnica individual e velocidade do atacante vs a qualidade do defensor determina qual sai vitorioso.

Nestas duas últimas etapas do Circuito Mundial de sevens da IRB, assistimos ao domínio avassalador dos dois primeiros classificados do circuito, Nova Zelândia e Africa do Sul, que continuam a dominar a prova, deixando as Fidji já a alguma distância, no terceiro posto.

Quanto a Portugal, continua a sua luta pela permanência e, mesmo obtendo a pontuação mínima, nos dois torneios, não hipotecou, de qualquer forma, o seu objectivo, uma vez que os adversários directos não obtiveram muito mais pontos.

Espero que, com a reentrada dos jogadores mais experientes que estavam na selecção de XV ou que estiveram ausentes por razões profissionais (uma vez que a comitiva portuguesa que participou em Las Vegas e Wellington, esteve praticamente um mês fora), nos torneios do Japão e Hong Kong possamos lutar novamente por pontuações que nos deem a garantia da permanência no circuito da próxima temporada o mais rapidamente possível, ou mesmo lutar por uma posição ainda mais prestigiante.

Para mim houve um jovem atleta que se salientou pela sua atitude, qualidade defensiva e muito forte no um contra um pela sua velocidade e capacidade de finta: Nuno Sousa Guedes… Tem um belíssimo futuro à sua frente no râguebi de sete.

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