A dívida alemã

Espanha, Grécia e Irlanda perdoaram-lhe 50% do valor em 1953.

Os EUA propuseram perdoar a dívida contraída após a II Guerra. Perante a recusa dos outros credores, fez-se um compromisso. Foi abatido cerca de 50% (entre os países que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) e re-escalonado o valor restante para 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. Só em 1990, dois dias após a reunificação, a Alemanha emitiu obrigações para pagar a dívida dos anos 1920.

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Os EUA propuseram perdoar a dívida contraída após a II Guerra. Perante a recusa dos outros credores, fez-se um compromisso. Foi abatido cerca de 50% (entre os países que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) e re-escalonado o valor restante para 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. Só em 1990, dois dias após a reunificação, a Alemanha emitiu obrigações para pagar a dívida dos anos 1920.

O acordo assegurou o crescimento económico do devedor e seguiu três princípios:

1. Perdão/redução substancial da dívida;

2. Reescalonamento para um prazo longo;

3. Prestações adequadas ao poder de pagamento do devedor.

O mesmo ocorreu na Argentina, no início deste século. O presidente Kirchner enfrentou o FMI com “devo, não nego, pago quando puder”. Impôs o cálculo de desenvolvimento económico, aqui descrito dia 02/01. Centenas de especuladores estrangeiros deixaram o país e no seu lugar vieram milhares de PMEs a criar emprego e desenvolvimento sustentado. Por seis anos na década passada a Argentina cresceu uns 6% ao ano e só abrandou com a crise mundial.

Por cá, os juros da dívida a pagar, a falta das reformas estruturais há muito exigidas, os ciclos negativos na exportação, o aumento do preço das importações e a queda na produção rural devido ao clima, trará o caos em fins de 2014, previsto por alguns na UE e no BCE, pareceres contudo arquivados.

Já em 2009 sugeri sairmos do Euro e aceitar a proposta para formar, com a Grécia, Itália e Espanha o Euro-M, mediterrânico, transitório, por cinco anos, até a competitividade aumentar e nos trazer o fulcral poder de pagamento. A Suíça já há décadas tem, e a Argentina por seis anos teve, uma segunda moeda.

Precisamos agora daquilo que a Europa já deu à Alemanha: emprego.

Consultor Internacional, autor dos livros Como Sair da Crise, Portugal Rural e Ontem e Hoje na Economia