Em Uivo, a anterior ficção dos documentaristas Rob Epstein e Jeffrey Friedman, não tínhamos verdadeiramente “um filme”, talvez não tivéssemos mais do que fragmentos de reenactment - recriação, para fins educativos, dos gestos e factos de um determinado evento histórico, que no caso era a recriação do julgamento por obscenidade, em 1957, de Howl, de Ginsberg. Parecia telescola. Lovelace volta a demonstrar as dificuldades de Epstein e Friedman em libertarem-se do espartilho da validação - aquilo que, para o bem e para o mal, marca os seus anteriores trabalhos como documentaristas, The Celluloid Closet, Common Threads: Stories from the Quilt ou Os Tempos de Harvey Milk. Não passa por aqui qualquer fascínio por um mundo ou por uma família, o do porno (aquilo que estava na génese de projectos como Inserts, de John Byrum, em 1974, ou Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson, em 1997). Continua a ser sobretudo um trabalho de militância cívica que é nivelado pelo politicamente correcto em termos de fasquia audiovisual. A consequência disso é que não só não transcende limite algum como reforça todos os limites - uma época como uma colecção de “castiços” - e aprisiona as personagens. E assim, apesar e por causa das boas intenções, Linda Lovelace é de novo manietada.
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