Parlamento aprova voto de pesar ao “símbolo nacional” Eusébio

Deputados elogiaram em uníssono o “atleta genial” mas também o homem “humilde e generoso”.

O Parlamento aprovou esta sexta-feira um voto de pesar pela morte de Eusébio, classificando-o como uma “autêntica lenda do desporto português” e um “símbolo nacional”. Foi longa a lista de elogios que se ouviram de todas as bancadas e do Governo.

Nas galerias da Assembleia da República, estiveram a família do jogador, que faleceu no passado domingo, dia 5, assim como dirigentes do Benfica, incluindo o presidente Luís Filipe Vieira, e o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes.

“Para Portugal e para os portugueses, Eusébio é muito mais do que um jogador de futebol. É símbolo nacional, é símbolo agregador da nossa memória colectiva. Eusébio foi, Eusébio é embaixador de Portugal; um dos grandes da nação: irrepetível, marcante e incontornável”, lê-se no voto de pesar aprovado por unanimidade.

Os deputados realçaram a “marca do talento sem par” que Eusébio deixa, assim como a “memória da simplicidade e da humildade próprias dos grandes homens e o estímulo do seu exemplo”.

O voto de pesar enumera os principais títulos nacionais e internacionais, as distinções pessoais, incluindo as sete bolas de prata e as duas botas de ouro do “maior futebolista português de todos os tempos”.

Os líderes de todas as bancadas juntaram-se num coro de elogios ao atleta e ao homem. Que vieram também do Governo, que se fez representar para o efeito por dois secretários de Estado e pelo ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares. Luís Marques Guedes referiu-se à “desarmante simplicidade, cativante simpatia e humana fraternidade” do “expoente máximo do desporto e inigualável embaixador” do país.

O socialista Alberto Martins classificou Eusébio como um “atleta genial”, um “desportista mágico” que concentrou, em si, as esperanças do povo, na sua capacidade indomável de lutar e vencer, de transformar, de “mudar o rumo dos acontecimentos”, contrariar o destino. “Nos tempos trágicos da ditadura, que conduziu uma guerra colonial, racista, Eusébio emergiu como um símbolo de identidade popular, e nacional, que se manteve intocável até aos nossos dias”, recordou Alberto Martins.

O social-democrata Luís Montenegro lembrou-o como “elo de ligação entre todas as comunidades portuguesas” e factor de “inspiração para os jovens e para o país – para acreditarmos que temos capacidade, em qualquer domínio, de estar entre os melhores”.

“Tendo ganho tudo quanto era possível ganhar na sua actividade, o seu génio e talento manteve sempre a humildade e autenticidade e genuinidade dos verdadeiramente grandes”, disse o centrista Nuno Magalhães, referindo-se às campanhas de solidariedade em que o “Pantera Negra” se envolvia. Que o comunista João Oliveira secundou realçando o “perfil humano e atitude modesta, respeito pelo adversário, trato afável – o atleta que chamou a si o melhor do desporto”.

“Os grandes homens são homens simples, bons”, afirmou José Luís Ferreira, dos Verdes, que salientou também a inspiração que Eusébio foi para as camadas mais jovens. O bloquista Pedro Filipa Soares acrescentou à imagem do desportista “único” as qualidades técnicas no campo: “detentor de uma força imensa, de um remate supersónico, de golos de ângulo impossível”. O “genial trangalhadanças”, como lhe chamou Alexandre O’Neil, citou o líder parlamentar do BE.

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