E se as resoluções de Ano Novo nunca resultassem?

Parece então que a culpa de todas estas falhas nas resoluções de Ano Novo deve-se a cérebros cansados e sobrecarregados. Mas se assim é, que tal ter resoluções todos os dias e não apenas no 31 de Dezembro?

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*Sally M*/Flickr

A dieta adiada pelas festividades, a viagem que já está planeada há meses (mas para a qual ainda não poupaste), a inscrição no ginásio prometida desde sempre ou mesmo a decisão de deixar de fumar. Todas essas resoluções de Ano Novo começam a ser ouvidas em conversas de café quando se aproxima o 31 de Dezembro. Qual o porquê dessas resoluções ficarem quase sempre perdidas na ressaca do dia 1 de Janeiro? 

A verdade é que os cientistas já se debruçaram sobre estas resoluções de Ano Novo. Um investigador britânico mostrou que 88% de todas as resoluções acabam em fracasso, mesmo que todos os anos continuemos a insistir em fazê-las. E porquê?

A explicação encontrada por investigadores da Universidade de Stanford está no cérebro. A área do cérebro que é em grande parte responsável pela força de vontade é o córtex pré-frontal, mas esta é também responsável por nos manter focados, pela manipulação de memórias de curto prazo e por resolver problemas abstractos. O que acontece é que, se tivermos o nosso córtex pré-frontal sobrecarregado, é meio (ou todo) caminho andado para o fracasso das resoluções de Ano Novo. Afinal de contas, o nosso córtex pré-frontal “tem mais com que se preocupar”.

Estes investigadores fizeram uma experiência que pretendia demonstrar isso mesmo: vários estudantes foram divididos em grupos. Um grupo tinha como tarefa memorizar um número de dois dígitos enquanto ao segundo grupo foi dado um número de sete dígitos. Em seguida, foram levados a caminhar pelo corredor, onde foram apresentadas duas opções diferentes lanche: uma fatia de bolo de chocolate ou uma taça de salada de frutas.

Os alunos com sete dígitos para lembrar eram quase duas vezes mais propensos a escolher o bolo do que os que tinham dois dígitos. O motivo, segundo os investigadores “é que esses números extra ocuparam um espaço valioso no cérebro, eram uma 'carga cognitiva', tornando-se muito mais difícil de resistir a uma sobremesa mesmo sabendo que não era a melhor opção”.

Parece então que a culpa de todas estas falhas nas resoluções de Ano Novo deve-se a cérebros cansados e sobrecarregados com tantas outras coisas para além da dieta ou da viagem. Mas se assim é, que tal ter resoluções todos os dias e não apenas no 31 de Dezembro?

Não é que não ache piada a festividades, mas toda esta passividade que se instala na esperança da transformação das calamidades em bonança, de fazer o que não foi feito com a chegada do Ano Novo e vontade de festejar um recomeço que no fundo é só uma continuação, acaba por inibir as minhas catecolaminas da pândega. Sim, aqueles neurotransmissores que nos podem causar a euforia e a ânsia comuns nessas últimas horas do ano (ou primeiras do que aí vem). Mas lembrem-se que no fundo estão apenas a chegar aí 365 dias. No entanto, são 365 oportunidades para fazer resoluções e, acima de tudo, para realizá-las.

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