É inevitável comparar o novo filme do francês Arnaud Desplechin com o Método Perigoso de David Cronenberg - é da psicanálise enquanto olhar sobre o mundo e a sociedade ao seu redor que ambos tratam. Mas onde Cronenberg modulava a seu bel-prazer as correntes subterrâneas de desejo e rivalidade no triângulo Freud/Jung/Sabrina Spielrein na Viena do século XIX para antecipar a chegada do mundo moderno, Desplechin não consegue fazer nada da relação entre o índio americano Jimmy Picard e o psicanalista franco-romeno Georges Devereux num hospital psiquiátrico da província americana em 1948. Nada, isto é, a não ser uma banalíssima denúncia envergonhada do racismo e da condescendência institucionais (concentrada se tanto em quinze minutos das duas horas) e uma espécie de “manual de iniciação à psicanálise aplicada para totós”, confirmando como o cineasta francês se perde sem apelo nem agravo sempre que se deixa levar por uma abordagem cerebral que, neste caso, tomba inexoravelmente no lugar-comum pretensioso. Faz pena ver dois actores de primeiríssima água como Benicio del Toro e Mathieu Amalric empenhados nesta obra estéril e supérflua.
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