Mexefest: de fila em fila, de Daughter a Oh Land

No sábado, Daughter e Oh Land surpreenderam, enquanto que Silva foi traído por problemas técnicos

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Miguel Manso

Foi o segundo e último dia do festival e as temperaturas foram menos regulares que na noite anterior: Oh Land aqueceu o palco, já o brasileiro Silva, com muitos problemas técnicos, deixou o público ao frio, sem música nem explicações.

Batiam as 21h30 e o Coliseu dos Recreios estava bem composto para receber Daughter, a banda britânica que se estreava em Portugal. O público mostrou que conhecia bem o indie pop melódico do grupo londrino e a delicada voz de Elena Tonra prendeu a assistência ao palco. A banda pôde partilhar o seu primeiro e recente álbum de estúdio, "If You Leave", e ainda temas dos EPs “The Wild Youth” e “His Young Heart”. Para surpresa e comoção de Tonra, o refrão de “Candles” foi cantado, em grande parte, pelo público que também mostrou saber de cor “Youth”, do EP "The Wild Youth". Uma actuação bem conseguida e a suspeita de que a banda vai querer voltar. O público quer de certeza.

Com um cenário incrível - uma vista nocturna para o Castelo - na estação dos Restauradores, aguardava-se Lúcio Silva Souza, mais conhecido por Silva, que tardava em aparecer. Depois de um atraso de cerca de vinte minutos, o cantor e compositor brasileiro que esteve durante a última semana numa mini-digressão pelo nosso país, apareceu para tocar “2012”, um dos singles do aclamado álbum “Claridão” e do EP “2012”.

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Silva Miguel Manso

Logo depois, o público pôde cantar “Falando sério, eu vi você, vestindo o tédio sem perceber” e o ambiente parecia estar criado para uma serão bem passado. Mas estávamos todos enganados. À terceira e provavelmente uma das mais esperadas músicas, o single “Cansei”, a qualidade do som deteriorou-se consideravalmente e o público começava a ficar incomodado. Silva tentou prosseguir a sua actuação até que o som sofreu uma paragem brusca e o ambiente, inevitavelmente, também sofreu. Houve quem optasse por abandonar o concerto, enquanto os mais fiéis esperaram pelo retomar da música do artista que, envergonhado, nada dizia. A expectativa era grande mas acabou por sair frustrada com Silva a ser traído pelos incómodos problemas técnicos.

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The Legendary Tigerman Miguel Manso

No mesmo palco e com o mesmo cenário épico, mas sem interferências técnicas, esteve a dinamarquesa Oh Land, que, mesmo habituada a temperaturas frias, sublinhou a necessidade de dançar para aquecer. A fila para entrar no espaço era assustadora mas safou-se quem se lembrou de dar a volta à estação e entrar pelo suposto local de saída.

A artista que este ano lançou o seu terceiro album de estúdio, “Wish Bone”, esteve imparável na música, na dança e nos elogios ao nosso país que já antes (na edição de 2011 do festival) tinha mostrado que sabia como receber a cantora. Do pop ao rock, passando pelo estilo mais disco, Nanna Øland Fabricius tocou temas do seu recém lançado trabalho mas não deixou de tocar temas do álbum de 2011, como "Break The Chain" e "Son Of a Gun", que puseram a assistência a dançar.

A cantora chegou mesmo a descer do palco e, entusiasmada, depois de anunciar o fim da actuação acabou por voltar para um encore com “Love You Better”, em estilo balada, e a contagiante “White Nights”.

A marcar também a noite de sábado esteve a actuação do português The Legendary Tigerman, do noruguês Erlend  Øye e a discoteca criada no Coliseu dos Recreios pelo Discotexas Picnic Live.

A edição de 2013 do Vodafone Mexefest terminou ontem e ficamos à espera de mais para o ano, com mais espaço, menos filas e mais música. Convém notar que a dimensão que este festival já atingiu exige uma organização mais cuidada que não obrigue o público a tantas filas intermináveis (como as filas para comprar bilhetes ou entrar em certos concertos) e a perder algumas actuações.

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