Rita Carmo: as bandas sonoras de uma fotógrafa

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Rita Carmo

Manuel João Vieira faz parte dos músicos retratados no livro de Rita Carmo

Nas imagens que fazem a história da música popular urbana portuguesa das últimas duas décadas, há um nome que tudo liga: de Carlos do Carmo a B Fachada, dos Gaiteiros de Lisboa a Legendary Tigerman, de Manuel Fúria aos Dead Combo, dos Deolinda aos PAUS, todos foram vistos pela lente de Rita Carmo. É ela a fotógrafa que todos liga. É ela que, mais que isso, procura através do cuidado, muito pop, posto na organização dos cenários, forma de chegar àquilo que a música dos retratados transmite e revela.

Não é inocente, portanto, que um livro de fotografias tenha por título Bandas Sonoras – 100 Retratos na Música Portuguesa, agora lançado pela Chiado Editora. As imagens são aqui, de facto, porta de entrada para a música. “Aquilo que guardamos de um músico, ou de um grupo, não se limita à sucessão de notas por uma determinada ordem, implicando também um imaginário visual. E ninguém, em Portugal, ajudou e ajuda a traduzi-lo de forma tão absolutamente certeira como a Rita o faz. A ponto de se confundir com a imagem que interiorizamos dos artistas e com a apreensão que fazemos das suas músicas”, escreve em Bandas Sonoras Gonçalo Frota, crítico de música do PÚBLICO e, enquanto guitarrista dos Houdini Blues, um dos retratados no livro.

Rita Carmo, repórter fotográfica da Blitz desde 1992, editara em Dezembro de 2003 Altas-Luzes, uma edição Assírio & Alvim em que as imagens de concertos e as de pose serviam de espelho umas das outras. Nas 216 páginas de Bandas Sonoras, com prefácio de José Luís Peixoto, desta vez inteiramente compostas de retratos, existe novamente uma recolha desse olhar feito trabalho — os músicos que nos fitam enquanto Rita Carmo lhes desvenda a música em fotografia.

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