A segregação dos felizes e optimistas

Ser feliz é um crime de etiqueta na convivência social

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Jessica Tam / Wikimedia Commons

Por aí ouve-se dizer que os felizes são os mais desprovidos de matéria cinzenta, quer seja cientifico ou não, isto virou argumento da pseudo-segregação dirigida a quem anda com um sorriso estampado na cara. E por oposição de ideias, os inteligentes estão condenados à penumbra privilegiada intelectual.


A verdade é que a maioria de nós tem uma predilecção pelo melodramático e pelos desabafos das angústias de vida num jeito de romantismo contemporâneo que está há muito enraizado. Não foi à toa que ganhamos o prémio de País mais pessimista da União Europeia. Retirando o peso da conjuntura actual económica, todos nós contestamos isso: estar feliz traz consigo um sentimento de culpa quando estamos rodeados de pessoas que não o estão e isto confirma-se quer na generalidade do país quer no café da esquina.


E esse sentimento de culpa é justificado quando estes felizardos da vida são promovidos a responsáveis pelas desgraças de terceiros. Ser feliz, ser optimista, é um crime de etiqueta na convivência social. Conversa de “tascas” e conversas de mercado ao sábado de manhã poucas vezes têm referência a algo positivo. Para quem é optimista há sempre algo bom a acontecer e para o pessimista nunca há nada positivo.


O ser feliz traz felicidade ou, pelo menos, tenta fazê-lo. Deixemos os tontos, os idiotas e mais outros termos pejorativos atribuídos a esta elite de pessoas felizes e optimistas existirem pois a visão derrotista e de comodismo é o prato da casa numa sociedade com o bilhete de entrada para a resignação.

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