Dirigentes do PS rejeitam programa cautelar sem eleições antecipadas

No dia em que o Governo reconheceu ter ficado "sem referência" sobre um novo programa, os socialistas dão um passo em frente.

Foto
Álvaro Beleza é um dirigente muito próximo de Seguro Nuno Ferreira Santos

O sucesso da Irlanda vai servir para avaliar a “medida do falhanço” de Pedro Passos Coelho. E para o PS retirar consequências políticas de um eventual novo pacote de assistência financeira a Portugal. Que, caso venha a acontecer, nunca terá a assinatura do principal partido da oposição sem a contrapartida de eleições antecipadas.

Quem o assume é um dos membros da direcção. Questionado sobre a eventualidade de um novo pacote e as suas consequências políticas, Álvaro Beleza afirmou ao PÚBLICO que “o que o Governo deverá fazer, não se atingindo o objectivo [de regressar aos mercados sem ajuda], é demitir-se e pedir eleições”. Permitindo assim “um governo legitimado” para negociar com a troika um novo programa. Beleza faz parte do secretariado nacional do PS desde que o actual secretário-geral, António José Seguro, foi eleito. Muito próximo do líder é visto como o “reformista”, responsável pela Universidade de Verão do partido e um dos ideólogos da actual direcção.

Beleza não foi o único a assumir essa exigência. No rescaldo do anúncio de Enda Kenny sobre a Irlanda, o também secretário nacional do PS, Eurico Dias, afirmou esta quinta-feira na sede do PS, que com um programa cautelar Passos Coelho tinha que “assumir as suas responsabilidades”: “Se o Governo tiver de negociar um novo pacote, não me parece que tenha as condições para o fazer em nome do país.”

Numa entrevista ao semanário Sol, o mesmo dirigente assumira em Outubro que para se sentar à mesa de negociações, o PS iria exigir eleições antecipadas. “Se houver necessidade de um segundo programa, chame-se cautelar ou outra coisa, deve envolver-se os portugueses nessa decisão. E é minha opinião que não é possível envolver os portugueses sem marcar eleições legislativas.”

Na conferência de imprensa desta quinta-feira , Dias definiu os critérios de avaliação do Governo: “Outro programa será a medida do falhanço da aplicação deste [actual] programa.” Ou seja, para os socialistas há, agora apenas um objectivo aceitável para Julho de 2014: “o regresso pleno aos mercados.”

No Largo do Rato, a percepção em relação ao actual momento da economia e o impacto do próximo Orçamento nela, aponta para a inevitabilidade de um novo programa. Mais um Orçamento de austeridade continuará a empurrar o país para a baixo.

 

Sugerir correcção
Comentar