PS abre processos disciplinares a militantes de Sintra que apoiaram outras candidaturas

"Violação grave dos deveres de militante", aponta a carta enviada aos socialistas que apoiaram Marco Almeida na corrida à Câmara de Sintra nas últimas autárquicas.

A Comissão Federativa de Jurisdição da distrital de Lisboa do PS enviou cartas de abertura de processo disciplinar, por violação dos estatutos, a militantes de Sintra que apoiaram a candidatura às autárquicas do independente Marco Almeida.

De acordo com as cartas, a que a agência Lusa teve acesso, a intenção de apoiar a candidatura do movimento independente Sintrenses com Marco Almeida representa uma "violação grave dos deveres de militante".

As cartas referem ainda que o órgão jurisdicional da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS decidiu a 29 de Outubro deliberar a instauração dos processos disciplinares, bem como abrir um inquérito de averiguação dos factos invocados pelos coordenadores das secções.

O documento refere ainda que os militantes visados têm dez dias para apresentar defesa após receberem a carta.

Militante do PS há cerca de dez anos, o actor Guilherme Leite recebeu a carta na quarta-feira por ter apoiado publicamente a candidatura independente do antigo vice-presidente da Câmara de Sintra, liderada até à realização das eleições pelo social-democrata Fernando Seara.

Guilherme Leite explicou à agência Lusa que apoiou Marco Almeida porque não se revia no candidato escolhido pelo PS, Basílio Horta, adiantando que, no entanto, apoiou e fez parte da comissão de honra da candidatura de António Costa (PS) à Câmara de Lisboa.

"Ou seja, em Lisboa sou um gajo porreiro e em Sintra sou um canalha. O bonito disto é que eu desde meio do primeiro mandato de Sócrates que deixei de pagar quotas porque não me revejo no PS", disse, adiantando que não vai apresentar defesa.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da concelhia socialista de Sintra, Rui Pereira, confirmou a abertura de "oito ou nove" processos disciplinares a militantes da concelhia que apoiaram publicamente ou que concorreram pelas listas de Marco Almeida.

Rui Pereira considerou que esta decisão é uma questão de "bom senso", uma vez que este processo, que pode visar a expulsão, poderá impedir que pessoas que tenham sido eleitas pelo movimento também se possam sentar nas reuniões do PS.

"Poderia haver alguém eleito que iria às nossas reuniões. É uma questão de natural bom senso, porque as pessoas, no fundo, iriam sentar-se em dois palcos antagónicos", afirmou Rui Pereira, o recente eleito vice-presidente da Câmara de Sintra.

Segundo o presidente da concelhia socialista, o facto de os militantes não terem as quotas pagas não significa a perda de militância, mas sim a suspensão do direito de votar ou ser eleito internamente.

Marco Almeida, candidato que ficou a cerca de 1700 votos da lista vencedora (PS – Basílio Horta), foi vice-presidente da câmara liderada durante doze anos pelo social-democrata Fernando Seara.

O líder do movimento Sintrenses com Marco Almeida avançou com uma candidatura independente às autárquicas de Setembro, depois de o PSD ter escolhido como candidato o deputado e vice-presidente do partido Pedro Pinto.
 

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