Renamo nega responsabilidade no ataque contra coluna de civis em Moçambique

O assalto a um autocarro fez pelo menos um morto no sábado. Presidência moçambicana culpa movimento de Afonso Dhlakama.

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Se insegurança aumentar, pode ter um efeito sobre o crescimento económico Juda Ngwenya/Reuters

A Renamo nega a autoria do ataque de sábado contra um autocarro de civis na província de Sofala. O assalto, ainda não reivindicado, fez um morto e três feridos graves, entre os quais uma criança, segundo a Lusa. De acordo com o jornal moçambicano A Verdade, o autocarro viajava na principal estrada que liga o Norte e o Sul do país (Estrada Nacional nº1), entre a vila de Machanga e o posto administrativo de Muxúnguè, onde a Renamo atacou um posto da polícia em Abril. E seguia sem escolta militar, apesar de essa ser uma prática, nos últimos meses, desde o regresso da instabilidade ao centro de Moçambique

A presidência moçambicana, através do porta-voz, atribuiu o assalto deste sábado à Renamo – o que o principal partido da oposição e antigo movimento guerrilheiro nega. O porta-voz do partido, Fernando Mazanga, disse aos jornalistas em Maputo que a Renamo se “distancia do ataque”.

Segundo a descrição de sobreviventes ouvidos pelas agências, os atacantes saíram do mato e dispararam contra o autocarro, antes de o incendiarem. Depois de matarem o motorista, “continuaram a disparar sobre os passageiros”, contou à AFP Felisberta Moutinho. “Saímos do autocarro, fugimos”, relatou. "Alguns dos passageiros foram atingidos pelas balas." Ela própria fugiu, com os seus dois filhos, por entre o mato, até encontrar uma unidade de veículos da polícia.

A tensão regressou a Moçambique há cerca de um ano e intensificou-se nos últimos meses. A semana passada foi particularmente violenta, com vários ataques, depois de segunda-feira o Exército moçambicano ter tomado a base onde se tinha isolado há um ano o líder da Renamo, na Gorongosa, província de Sofala. Afonso Dhlakama continuava este domingo em parte incerta.

O movimento, que é também o principal partido da oposição, com 51 deputados num Parlamento de 250, em Maputo, terá ainda algumas centenas ou no máximo mil homens armados. A própria Renamo avança esses números, mas investigadores e jornalistas não sabem ao certo quantos homens serão.

O jornal A Verdade lembra, na sua edição de sábado, que depois do ataque de segunda-feira à base de Dhlakama, o movimento avisou não dispor de nenhuma estratégia ou mecanismo para evitar ataques bélicos de homens armados nas matas.

Muito se tem dito sobre esconderijos de armas que a Renamo teria enterrado por altura dos acordos de paz em 1992 e estaria agora a desenterrar. Mais uma vez não há dados e alguns investigadores acreditam também na hipótese de as armas usadas nos ataques dos últimos meses resultarem de assaltos que a Renamo levou a cabo contra estações de polícia e pequenas presenças militares, permitindo-lhe ficar com equipamento e armas. 
 

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