E se um “touchscreen” permitisse sentir texturas?

E se conseguíssemos sentir a textura daquilo que vemos num "touchscreen"? Já estivemos mais longe — responsabilidade do laboratório da Disney Research

Os “touchscreens” são frios, impessoais. Fazemos “swipe up”, “swipe down”, zoom para aqui, zoom para ali, já não sabemos viver sem eles, mas nunca saberemos como são as penas de um Angry Bird. Como será sentir aquilo que vemos no ecrã — seja uma peça do Scrabble ou os quase dois mil metros da Serra da Estrela no mapa de Portugal?

Para além de se entreter a casar príncipes e princesas, a Disney pensa nestas questões, mais propriamente o laboratório da Disney Research em Pittsburgh, EUA. Uma equipa de investigadores tem-se dedicado a tentar aproximar o nosso mundo físico do virtual. Depois do Aireal, que transmitia sensações tácteis através de ar, desenvolveram um mecanismo que permite, através de vibrações eléctricas, sentir a textura do que está no ecrã.

Um algoritmo interpreta a geometria 3D — as elevações, cumes, texturas, falhas e saliências — e calcula a voltagem necessária para simular essas características físicas num ecrã plano, usando uma série de vibrações. Segundo a Wired, o projecto é construído em torno da ideia de que as pessoas percebem que há variações na superfície de um objecto quando, com a ponta dos dedos, detectam planos diferentes. Atendendo a isto, o sistema utiliza diversas vibrações, consoante há alterações no plano 3D, que são lidas (e sentidas) pelas pontas dos nossos dedos; o nosso cérebro pensa, assim, que está a sentir alterações e texturas numa superfície plana como é a de um “touchscreen”.

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De acordo com o investigador Ali Israr, o sistema tem de ser configurado para cada ecrã, mas, durante os testes, a equipa conseguiu adaptá-lo a diferentes “touchscreens”. O software é mais eficaz com objectos em que recebe de antemão coordenadas da topografia — mapas são bons candidatos.

Apesar de, como refere a Wired, não ser possível de “determinar quão convicente é este efeito através do vídeo”, é fácil imaginar as vantagens que esta ferramenta pode trazer aos deficientes visuais, mas também a instituições como museus. Em comunicado (em pdf), Ivan Poupyrev, que dirige o laboratório, antecipa o futuro: “Nós acreditamos que o nosso algoritmo vai possibilitar a representação de informação táctil sobre conteúdo visual o que vai levar a novas aplicações para ecrãs tácteis.”

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