Sega é mais forte que tu!

Ainda me lembro de estar a ver televisão e de repente aparecer aquela personagem que entrava numa sala de rompante. Uma voz dizia “Ainda zangado? Sou eu o Master Sega”

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Tínhamos acabado de chegar aos anos 90 quando a Ecofilmes decidiu começar a fazer a distribuição oficial dos produtos Sega em Portugal. E que momento memorável na comunidade!

Acompanhado das consolas e jogos, vieram também alguns anúncios. Claro que eram todos sincronizados ou traduzidos da oferta internacional, mas, criaram um imaginário comum na nossa então pequena comunidade. Os que me causaram maior impacto foram precisamente os primeiros. Especialmente aquele com o memorável “punk” que aparentemente não tinha medo de nada… excepto da Mega Drive!

Ainda me lembro de estar a ver televisão e de repente aparecer aquela personagem que entrava numa sala de rompante. Uma voz dizia “Ainda zangado? Sou eu o Master Sega”. E o Master Sega era um mauzão! Mostrava ao tal “punk” o Strider, o GP Monaco, e inclusive cortava-lhe a crista. No final como não estava satisfeito, o Master Sega demonstrava ser um bully sem compaixão, gozando com a performance da sua vítima no GP Monaco: “Parabéns, ficaste em segundo… a contar do fim!”. Como acaba o anúncio? Com a frase inesquecível “Sega é mais forte que tu”.

Nunca um anúncio sobre videojogos tinha sido tão audaz na televisão portuguesa. A Sega tinha uma imagem rebelde e isso ficou gravado no público. Ter uma consola Sega era reflexo de ser um mauzão, tal como o Master Sega. Diria até que poderia ser um sinal de respeito perante os colegas. A Sega era realmente algo só para os mais fortes.

Caso não tivessem um sistema desta marca, a única alternativa aceitável (e desculpável) era ter um Game Boy ou uma SNES. De resto, quem não tinha dinheiro, pronto, tinha de contentar-se com um Famiclone ou uma cópia baratucha do Atari 2600 (mas isso é outra história).

Tal como muitos, eu suspirava por ter uma Mega Drive, mas infelizmente os meus progenitores não tinham a mesma paixão. Por isso contentei-me em ir às casas dos colegas para “partilhar” com eles a experiência Sega. E não estou nada arrependido. Muitas horas memoráveis passei no Fifa, Sonic, Mortal Kombat, Gunstar Heroes… e até no temível Shaq-Fu!

Nos anos seguintes, outros sistemas da Sega tiveram igualmente campanhas distintas, como “Sega Saturn, perigosamente real” ou “Dreamcast, até seis biliões de jogadores”. Mas, nenhuma destas se tornou tão célebre como a primeira. O que ficou na nossa memória colectiva foi que a Sega era mais forte que nós. Ponto final.

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