Mário Soares afirma que Orçamento para o próximo ano é "horrível"

Foto
Questionado sobre o livro que José Sócrates vai lançar com o apoio da sua fundação, Soares elogiou o ex-primeiro-ministro Foto: Rafael Marchante/Reuters

O antigo Presidente da República Mário Soares considera que o Orçamento do Estado para 2014 é “horrível”, acusando o Governo de maioria PSD/CDS-PP de querer acabar com o Estado social e com a Constituição.

Questionado sobre a proposta de OE para 2014 que o executivo liderado por Pedro Passos Coelho apresentou na terça-feira, Mário Soares disse ainda não ter lido o documento, mas adiantou que o que ouviu é “horrível”.

“Ainda não li o Orçamento, mas, tanto quanto ouvi, é horrível”, afirmou em declarações aos jornalistas no final de um almoço na Associação 25 de Abril, numa iniciativa promovida pelo blogue Ânimo, integrada nas comemorações do 40.º aniversário da revolução.

Confessando-se “cada vez mais” preocupado, o antigo chefe de Estado acusou o Governo de querer “acabar com o Estado social” e “acabar com Constituição”. Contudo, acrescentou, “mudar a Constituição é impossível”, pois são necessários os votos de dois terços dos deputados na Assembleia da República.

Interrogado sobre o que deveria fazer o líder do PS para lutar contra as medidas propostas pelo Governo, Mário Soares remeteu a questão para António José Seguro.

Durante o almoço, além de recordar episódios relacionados com o 25 de Abril, Mário Soares falou ainda brevemente sobre a situação de “grande crise” em que está Portugal, reiterando as críticas ao executivo. “Este Governo não só está a destruir completamente Portugal, vendendo tudo ao desbarato, como está a não cumprir a Constituição”, disse, insistindo na necessidade de defender a democracia. “Não basta falar, é preciso agir”, frisou.

No final do almoço, o antigo chefe de Estado foi ainda inquirido sobre o livro que o antigo primeiro-ministro José Sócrates vai lançar na próxima semana sobre a tortura em democracia. Interrogado se será o “regresso” de José Sócrates, Mário Soares disse apenas que o antigo primeiro-ministro “é hoje uma pessoa diferente do que era, porque fez, durante dois anos, um trabalho imenso no plano da filosofia e da política e ganhou muito com isso”.

Sugerir correcção
Comentar