Paredes de Coura: uma noite fria aquecida pelo rock dos The Horrors

No penúltimo dia do Vodafone Paredes de Coura, a noite fria foi aquecida pelo rock dos The Horrors e pela nostalgia dos Echo & The Bunnymen. Sábado aguarda-se com expectativa Belle & Sebastian, Palma Violets e Justice

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The Horrors Paulo Pimenta

Sexta-feira, dia 16 de Agosto: quarto e penúltimo dia de festival em Paredes de Coura.

O relógio bate as 21h30 e no anfiteatro verde do festival há uma multidão em pé para receber os The Horrors, a banda britânica de garage rock apresentada ao mundo em 2006. O grupo, liderado por Faris Badwan, deu ao público tudo o que era preciso para aquecer uma noite com temperaturas baixas: um rock que não deixa espaço para momentos mortos e um espectáculo instrumental de elevada qualidade que desde logo se anunciou como um dos melhores momentos da noite.

Os ingleses, que lançaram em 2011 o terceiro álbum e que prometem apresentar durante o próximo ano um novo trabalho, confirmaram que a voz pode ser um dos instrumentos da banda e não, necessariamente, um elemento que se sobrepõe ao instrumental. Na verdade, o peculiar vocalista do grupo de Essex está mais tempo apoiado no microfone do que a cantar, chegando mesmo a fazer dele um poderoso instrumento que, balançado com sabedoria ao pé das colunas, produz um som que se conjuga com as teclas e guitarras do resto da banda.

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Delorean Paulo Pimenta

Mesmo de luzes apagadas – o palco, propositadamente ou não, esteve sem luz durante três músicas – os The Horrors deram um concerto a que o público do festival aderiu de corpo e alma. A reacção do público aos primeiros acordes do “Still Life” – primeiro single do álbum "Skying" – foi um verdadeiro reflexo da recepção altamente calorosa que uma audiência com algum frio deu à banda.

O som da nostalgia

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Echo & The Bunnymen Paulo Pimenta

Aconchegados pelo calor criado pela multidão, grande parte dos festivaleiros aguardavam com ansiedade a actuação de Echo & The Bunnymen, a banda de Liverpool aclamada pelos sucessos dos anos 80.

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Simian Mobile Disco Paulo Pimenta

Ian McCulloch, o vocalista da banda criada em 1978, apresentou-se em palco com a calma de quem já tem mais de 30 anos de palco e entre cigarros e alguma interacção com o público, ficou gerida a responsabilidade que a expectativa criada à volta da performance da banda criara. Embora não fosse uma escolha óbvia para cabeça de cartaz de festival, os Echo & The Bunnymen conseguiram prender ao palco os verdadeiros conhecedores da banda, mas também aqueles que do grupo apenas conheciam as faixas com mais sucesso e que ali se deixaram estar, ainda que sem grandes entusiasmos.

Foram músicas como “The Killing Moon” – classificada pelo próprio McCulloch como a música mais bem escrita de todos os tempos - ou “Walk On The Wild Side” que mais mexeram com o "mood" da audiência: uns tremiam o queixo com um sentimento de nostalgia feliz, outros, menos conhecedores do historial da banda, sorriam ao mesmo tempo que diziam “eu conheço esta”.

Finda a nostalgia, e pouco antes da uma da manhã, o anfiteatro frente ao palco principal foi uma vibrante pista de dança para muitos festivaleiros. Os Simian Mobile Disco, dupla de DJ britânica conhecida pelas suas poderosas performances ao vivo, puseram Paredes de Coura a bater o pé com um electro analógico e surpreendente. James Ford e Jas Shaw, frente a frente em cima de um pequeno palco montado em cima do palco principal, estiveram durante uma hora num harmonioso jogo de misturas e batidas no qual se mostraram experientes jogadores.

A festa pôde continuar no palco Vodafone FM, onde estiveram os espanhóis Delorean que às duas da manhã trouxeram ao festival um indie pop dançante. Sábado aguarda-se com expectativa Belle & Sebastian, Palma Violets, e Justice que, entre outras exibições, vão marcar o encerramento da 21ª edição do festival Vodafone Paredes de Coura.

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