Wolverine

Parecendo que não, ainda é capaz de haver solução para os filmes de super-heróis que, infelizmente, parecem cada vez mais ser o pão-nosso de cada dia em Hollywood. Exemplo da semana, a segunda aventura a solo do mutante imortal dos X-Men, Wolverine, que lançou o australiano Hugh Jackman para o sucesso e que é aqui entregue aos bons ofícios do estimável James Mangold (Walk the Line, 2005, O Comboio das 3.10, 2007, Dia e Noite, 2010). Durante três quartos da sua duração, Wolverine é um filme de acção sólido com uma estrutura de policial tradicional, com Wolverine arrastado para o centro de um conflito familiar pelo controlo de um grupo empresarial cujo fundador ele salvou da bomba atómica em Nagasaqui. Esse filme “clássico” é colorido pelo olhar apenas levemente exótico sobre a cultura japonesa e por uma sobre-capa de meditação existencial à volta da imortalidade da personagem que é uma surpresa neste tipo de entretenimentos de verão. O problema é o outro quarto - o já proverbial final desmesurado de efeitos especiais destruidores e rendição ao poder do super-herói que quase, quase, quase dá cabo do que ficou para trás, como se fosse o “caderno de encargos” que permitiu a Mangold e Jackman desenvolverem um objecto mais denso e elaborado no resto do filme. O esforço não é ingrato, mas ao morrer na praia desenha as limitações de um sistema de produção com mais medo de arriscar do que de ficar a andar em círculos.

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