Polícia detém várias figuras do Governo checo em operação contra crime organizado

Várias pessoas próximas do primeiro-ministro da República Checa, Petr Necas, incluindo a sua chefe de gabinete, Jana Nagyová, foram detidas por uma unidade checa de combate ao crime organizado

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O primeiro-ministro, Petr Necas, também foi interrogado pelas autoridades Petr Josek/Reuters

A chefe de gabinete do primeiro-ministro checo Petr Necas, Jana Nagyová, foi detida aos primeiros minutos da madrugada desta quinta-feira, à saída de uma reunião do executivo,  por agentes da ÚOOZ, um corpo policial especializado no combate ao crime organizado. A polícia terá ainda prendido, alegadamente por suspeitas de corrupção, outros governantes e figuras do Partido Democrático Cívico (ODS), o partido de centro-direita que sustenta o Governo. Segundo a televisão pública checa, a operação envolveu cerca de 400 polícias, que se deslocaram também ao Ministério da Defesa, à Câmara Municipal de Praga e a vários organismos estatais.

Entre os detidos encontrar-se-ão diversas figuras do partido de Petr Necas, como Petr Tluchor, ex-líder parlamentar do ODS, e Ivan Fuksa, ex-deputado e antigo ministro da Agricultura. De acordo com informações prestadas ao Parlamento pelo ministro do Interior, Jan Kubice, o próprio chefe do Governo terá sido visitado pelo comandante da ÚOOZ e por dois procuradores. Kubice, que já dirigiu aquela polícia de elite – e que em meados da década passada afirmou no Parlamento que vários poíticos tinham ligações ao crime organizado –, declarou não ter mais informações.

A porta-voz do ministro da Defesa Vlastimil Picek, Mira Trebicka, confirmou que elementos da ÚOOZ tinham visitado na manhã desta quinta-feira o ministério, mas acrescentou apenas que estes se fizeram transportar em sete carros. Também o porta-voz da ÚOOZ se limitou a confirmar que estava em curso uma operação, mas sem adiantar quaisquer detalhes. A televisão pública checa e o diário de grande circulação Mladá fronta Dnes noticiaram, no entanto, a detenção de Jana Nagyová e especulam sobre o impacto que esta prisão poderá vir a provocar num Governo que não dispõe de uma maioria estável no Parlamento e que já várias vezes terá estado em riscos de soçobrar. Mas Petr Necas já declarou a sua convicção de que Nagyová "não fez nada de ilegal" e anunciou que não tenciona demitir-se.

Os media estão ainda a avançar nomes de outros alegados detidos, incluindo o ex-responsável máximo dos serviços secretos militares, Ondrej Palenik. E chegaram a dar também como detido o ex-deputado do ODS Marek Snajdr, mas este já enviou uma mensagem a dizer que se encontra ausente em viagem. E a acrescentar que o raid policial estará relacionado com as escutas ao empresário e milionário checo Roman Janoušek, actualmente em investigação por suspeitas de fraude e subornos a políticos.
 
 

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