Quarteto

Sim, é verdade que Quarteto é uma estreia na realização bastante anonimazinha para o veterano Dustin Hoffman (se não víssemos o seu nome no genérico, não daríamos por nenhum “sinal particular”). É também verdade que esta história de músicos reformados num lar rural em Inglaterra, adaptada por um pouco inspirado Ronald Harwood (argumentista de O Pianista de Polanski) da sua própria peça, transporta todas as marcas do telefilme britânico de factura clássica. Contra isso, no entanto, ergam-se primeiro a sobriedade e o profissionalismo a toda a prova que habitualmente identificamos com essa “factura clássica”, que hoje já não se encontra com a mesma facilidade de ontem. E erga-se depois a excelência do elenco, encabeçado por Maggie Smith e Tom Courtenay, que não dá um passo em falso mesmo quando o material está longe de ser de primeira escolha, a quem Hoffman dá espaço e tempo para que as personagens existam para lá do boneco. Além do mais, a simpatia de um projecto que não tem problemas em pedir aos actores que mostrem a idade que realmente têm e o trata como uma mais-valia em vez de uma maçada não é de deitar fora.

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