Ariel Castro foi acusado de violência doméstica em 2005

Queixa interposta pela ex-mulher do homem acusado pelo rapto e violação de três jovens de Cleveland mencionava violentas agressões e ameaças de morte.

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Ariel Castro fotografado pela polícia Cuyahoga County Sheriff's Office/Reuters

Ariel Castro, o homem acusado pelo rapto e violação de três mulheres de Cleveland, Ohio, durante dez anos, enfrentou um processo de violência doméstica em 2005, interposto pela ex-mulher e mãe das suas filhas de quem já estava separado desde 1996.

Familiares de Grimilda Figueroa têm descrito o ex-motorista de autocarro como “um monstro”, que espancava e aterrorizava a mulher, mantendo-a sob vigilância constante e trancada em casa, até esta ter escapado aos gritos numa fuga semelhante àquela protagonizada por Amanda Berry, a jovem raptada aos 16 anos em e que deu à luz em cativeiro.

Segundo a queixa apresentada num tribunal de primeira instância do condado de Cuyahoga, onde Castro reside, Grimilda Figueroa foi vítima de abusos e agressões do marido, que lhe terá partido o nariz por duas vezes, fracturado várias costelas, deslocado ambos os ombros e arrancado um dente com um murro, descreve o documento.

Como se lê no processo, que solicitava protecção judicial, as ameaças de morte à ex-mulher e às filhas nunca cessaram apesar da distância entre o antigo casal: a última, apontava a queixa, entregue a 29 de Agosto de 2005, tinha ocorrido quatro dias antes. A queixa foi arquivada no final de Novembro, depois do advogado que representava Grimilda Figueroa ter faltado a uma audiência.

Ariel Castro e Grimilda Figueroa tiveram duas filhas, Emily e Arlene, cuja custódia foi entregue à mãe pelo tribunal, sem direito a visitas paternais. A queixa de 2005 fazia referência a “raptos frequentes” das filhas pelo pai, que procurava mantê-las afastadas da mãe.

A sua filha Emily encontra-se actualmente a cumprir uma pena de 25 anos de prisão por uma tentativa de homicídio da sua filha de 11 meses, em 2007. A jovem, então com 19 anos de idade a alegadamente a sofrer de depressão, golpeou a bebé por quatro vezes no pescoço, e em seguida a si própria.

Em entrevistas nos últimos dias, familiares de Figueroa – que morreu em Abril de 2012, com 48 anos de idade – têm feito o retrato de um homem perturbado e violento, que atormentava a família.

Segundo a sua irmã Elida Caraballo, Ariel Castro trancava Grimilda em casa, proibia-a de falar ao telefone, e espancava-a brutalmente. Em declarações à Associated Press, recordou um episódio em que a irmã foi atirada das escadas abaixo e outro em que o cunhado a prendeu dentro de um caixote de cartão, fechado com fita adesiva. As filhas também eram vítimas da fúria do pai. “Viviam todas como reféns dentro da sua própria casa.”

Entretanto, segundo escreveu o diário Cleveland Plain Dealer, o nome de Ariel Castro foi apontado como um possível suspeito no início da investigação do desaparecimento de Gina DeJesus, de 14 anos, em 2004, pelo então companheiro de Grimilda Figueroa, Fernando Colon. “Ninguém quis acreditar no que eu disse nessa altura”, recordou agora.

Colon contou que ao ser interrogado pelo FBI a propósito do caso de Gina DeJesus, salientou o facto de tanto a jovem, como Amanda Berry, que tinha desaparecido pouco tempo antes, serem conhecidas de Ariel Castro, por serem amigas das filhas. A polícia tinha sido conduzida a Colon, que era segurança num centro comercial da zona onde as raparigas desapareceram, pelo próprio Ariel Castro – que mais tarde subscreveu uma queixa contra o companheiro da ex-mulher por alegada violação das filhas. O caso chegou a tribunal, onde as jovens rejeitaram a acusação, que acabou por ser retirada.
 
 
 

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