Comissão de Trabalhadores da Carris angaria alimentos para ajudar colegas com dificuldades

Os trabalhadores da empresa de transportes recolheram cerca de uma tonelada e 200 quilos de alimentos. Parte destes bens alimentares foram, para já, entregues a 30 colegas.

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Há funcionários com vergonha de ir buscar os alimentos PÚBLICO

A Comissão de Trabalhadores da Carris, em Lisboa, iniciou, na semana passada, uma recolha de alimentos não perecíveis destinados aos funcionários da empresa que estão a passar fome por dificuldades económicas. Até agora foram recolhidos cerca de uma tonelada e 200 quilos de bens alimentares que começaram a ser entregues no início da semana.

Segundo Paulo Gonçalves, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Carris, até à tarde de quarta-feira, foram 30 os trabalhadores da Carris que já recorreram ao apoio desta iniciativa. Um "agravamento da situação" dos cortes salariais na empresa e o aumento "brutal" dos impostos são apontados, pelo coordenador, como as principais causas dos problemas financeiros entre os trabalhadores da empresa de transportes e pelos casos de fome que têm vindo a ser noticiados.

“Temos plena consciência que não vamos tirar ninguém da miséria. O que pretendemos é tão só ajudar os colegas que sabemos que estão a passar por tremendas dificuldades”, afirma Paulo Gonçalves, que denuncia existirem ainda alguns funcionários que os salários penhorados por não conseguirem fazer face às despesas.

Já em Dezembro do ano passado, a comissão tinha organizado uma acção semelhante para auxiliar os colegas, na qual no total, foram entregues produtos alimentares a perto de 300 pessoas. "A situação dos trabalhadores da Carris não será diferente da situação que se vive noutras empresas", garante o coordenador da comissão de trabalhadores, referindo que "são as consequências das políticas do Governo".

Paulo Gonçalves diz ainda que, associado às dificuldades económicas e às situações de fome, existe também "o factor vergonha que por vezes impede que as pessoas peçam ajuda", sendo por isso que algumas pessoas evitam ir à entrega alimentar nas horas com maior afluência, para que não seja conhecida a sua situação.
 
Para já, a recolha de alimentos deverá manter-se “enquanto houver colegas que queiram contribuir" e os alimentos continuaram a ser entregues na Estação de Santo Amaro. Para além da comissão da empresa de transportes, estão também envolvidos na colecta outras entidades como o Sindicato dos Trabalhadores do Transportes (Sitra), a Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris e o Sindicato Nacional de Motoristas.

A comissão ainda não tem planos definitivos para um novo projecto mas admite fazer, por altura do início do ano escolar, "uma recolha de livros e materiais escolares" para ajudar os colegas com problemas económicos e aliviá-los um pouco do custo da educação dos filhos.

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