Brisa é a 17.ª empresa que sai de bolsa desde 2003
A meses de completar 16 anos em bolsa, Brisa negoceia na praça portuguesa pela última vez nesta quarta-feira.
Até agora, e por diferentes razões, 16 empresas tinham deixado de estar cotadas na praça lisboeta desde 2003, mas outras nove entraram na bolsa no mesmo período e o total de acções é hoje bastante superior, de acordo com dados cedidos ao PÚBLICO pela Euronext Lisboa, que gere a plataforma bolsista portuguesa.
A cotação da Brisa fechou na terça-feira a valer 2,21 euros e assim se mantinha por volta das 10h30 de hoje. As acções estão um cêntimo abaixo do valor que a sociedade que controla a Brisa, a Tagus (grupo José de Mello e fundo britânico Arcus), vão pagar aos accionistas minoritários que estiverem interessados em vender os títulos que detêm na concessionária de auto-estradas.
Na sequência da OPA que lançou sobre a Brisa, a Tagus controla 84,8% do capital e 92% dos direitos de voto da empresa. Tendo ficado apenas uma pequena fatia do capital disperso em bolsa, a Brisa tem vantagens, do ponto de vista da Tagus, em perder a qualidade de sociedade aberta, porque permite uma reavaliação dos títulos da Brisa e assim beneficiam o valor dos activos entregues como garantia aos bancos.
Avaliado o pedido feito pela Tagus para as acções da Brisa deixarem de negociar em bolsa (a empresa já deixou de pertencer ao PSI-20 em Agosto), a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários fixou em 2,22 euros a contrapartida da Tagus aos pequenos accionistas, para estes venderem as acções sobrantes da Brisa.
Para os accionistas que quiserem vender os títulos que detêm na Brisa, terão de se dirigir a um banco, que funcionará como intermediário financeiro, e manifestar a intenção de vender as acções à Tagus, explicou a CMVM. Terão de o fazer entre quinta-feira e o dia 13 de Maio.
A saída de bolsa da Brisa – onde está presente desde Novembro de 1997 – dá, assim, o tiro de partida para a Tagus poder comprar acções que ainda não detém na concessionária.
A entrada de nove empresas
Ao perder a qualidade de sociedade aberta, a Brisa torna-se na 17.ª empresa que sai da bolsa desde 2003. Nesse ano, segundo dados da Euronext Lisboa, foram excluídas a Vodafone Telecel, a Central Banco de Investimento e a Barbosa & Almeida.
No ano seguinte, houve mais três saídas da praça portuguesa: o Banco Comercial dos Açores (na sequência da integração no Banif), o Totta & Açores (depois de ser comprado pelo Santander) e a Somague (adquirida pela espanhola Sacyr).
Só em 2006 haveria empresas a perder a qualidade de sociedade aberta, a Efacec Capital e o Modelo Continente (do grupo Sonae, que detém o PÚBLICO). A Gescartão e a Tertir - Terminais Portugal deixaram de estar cotadas em 2007.
Dois anos mais tarde, sai a Cires - Companhia Industrial de Resinas Sintéticas, seguindo-se, já em 2010, a Europac e o Finibanco (na sequência da compra pelo Montepio).
As três saídas mais recentes são a Papelaria Fernandes, em 2011, e a Sacyr Vallehermoso e a Fisipe, no ano passado.
No entanto, desde 2003, entraram em bolsa a Galp, a EDP Renovávei, a REN, a Benfica SAD, a Sonae Capital, o Banco Popular, a F. Ramada, a Martifer e a ISA.
Segundo a Euronext, a capitalização bolsista passou de cerca de 74.000 milhões de euros em Abril de 2003, por altura da saída de bolsa da Vodafone Telecel, para mais de 112.000 milhões de euros.