Touch Surgery: a aplicação para iPad que ensina a operar

Não é um jogo familiar, nem um brinquedo. O Touch Surgery promete revolucionar o mundo da medicina auxiliando os cirurgiões, passo a passo, no processo de operação

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Chaiwat Subprasom / Reuteurs

O mundo da cirurgia está a aderir às novas tecnologias. Exemplo disso é do Touch Surgery, uma aplicação para iPad e iPhone que promete ajudar os médicos cirurgiões durante o difícil processo de operar. E não, não há semelhanças com o aclamado jogo familiar "Operação" — em que o objectivo era retirar cada peça de plástico, correspondente a determinada parte do corpo, sem "matar" o paciente.

O Touch Surgery, além de ser um programa real para médicos reais, leva o processo de operação virtual a um novo nível: cada passo da operação é animado por um detalhado gráfico em 3D. "A ideia surgiu como forma de dar resposta ao problema do corte de horas de trabalho dos cirurgiões", informou Jean Nehm, responsável pelo desenvolvimento do projecto, ao "The Guardian".

"As horas dos médicos foram cortadas de 100 para 40 por semana, o que significa que os cirurgiões estagiários não conseguem o tipo de experiência que necessitam", acrescenta. A aplicação é gratuita e existem 12 procedimentos à escolha, desde os mais simples aos mais complexos. Cada operação consiste em colocar um círculo verde sob um círculo rosa, com a animação a funcionar em tempo real, à medida que se arrasta o dedo. Ao mesmo tempo, são mostrados todos os processos da operação e os respectivos resultados, tornando o processo de aprendizagem de uma operação muito mais divertido e prático.

Com a aplicação, os médicos podem ainda treinar as suas capacidades de decisão no acto de operar, já que uma operação requer muito mais poder de decisão do que capacidades técnicas propriamente ditas. O programa permite, neste caso, identificar os principais riscos que advêm de determinada decisão.

Aprendemos com esta aplicação?

Renato Bessa de Melo acredita que a aplicação é uma mais-valia para todos os médicos e estagiários, mas "que não dispensa o estudo em livros e tempo de bloco".

O professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto reconhece ainda que o Touch Surgery pode ser uma mais-valia no processo de decisão na hora de operar, mas não é suficiente.

"Para ajudar no processo de decisão, o médico precisa também de módulos sobre o diagnóstico e opções terapêuticas e não só sobre procedimentos" que é o que o Touch Surgery ensina, maioritariamente, acrescenta.

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