“Grândola, Vila Morena” também vai ser cantada Londres

Manifestação de emigrantes junto à embaixada de Portugal em Londres foi convocada em solidariedade com o "Que se lixe a Troika"

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“Grândola, Vila Morena” voltará a ouvir-se este sábado, dia 2 de Março, em Londres, durante uma manifestação junto à embaixada de Portugal, onde serão deixadas cartas de emigrantes sobre as razões por que deixaram o país.

Raimundo Teresa e Miguel Pimenta prometeram repeti-lo, depois de terem cantado o tema emblemático de José Afonso na segunda-feira ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.

Também Paulo Costa, um dos promotores do evento, não tem dúvidas de que a canção, que recentemente ganhou novo fôlego como forma de contestação, estará entre as palavras de ordem.

A manifestação, disse à agência Lusa, foi convocada em “solidariedade com a insatisfação dos portugueses e com o protesto” nacional promovido pelo movimento “Que se lixe a Troika” para pedir “o fim” da austeridade e do empobrecimento do país e se replica em mais de 40 cidades do país.

Cartas de Londres

O descontentamento dos portugueses residentes no Reino Unido será também expresso por escrito, em cartas escritas por pelo menos 17 pessoas desde o final de Janeiro no blogue Cartas de Londres.

“Quisemos desfazer a imagem de que a maioria são emigrantes de sucesso, o que não é verdade”, afirmou Paulo Costa, informático de 55 anos, que foi forçado a deixar Lisboa após nove meses de desemprego. Para trás deixou três filhos e a companheira, que entretanto o seguiu, para encontrar emprego na capital britânica. “Em Portugal só tinha trabalhos temporários e estava a ganhar metade ou um terço do que recebia antes”, justificou.

Acima de tudo, explica na sua carta, no Reino Unido não olharam para a idade como um obstáculo e pagam-lhe um ordenado que compensa a mudança. Por ter sido empurrado pela crise a emigrar, juntou-se a mais portugueses para protestar contra a situação em Portugal, o que fez através desta missiva.

A ideia é deixar todas as cartas endereçadas a Portugal na missão diplomática, afirmou, bem como outras “prendas” para o Governo de Pedro Passos Coelho.

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