Notas de Amor

Se se perceber que o título original de Notas de Amor, Take This Waltz, é retirado a uma canção de Leonard Cohen, começa-se a perceber o jogo de cintura da estimável actriz canadiana Sarah Polley (que conhecemos de filmes de Atom Egoyan ou David Cronenberg) nesta sua segunda longa atrás da câmara.


Trata-se de contornar todas as regras do romance cinematográfico para chegar a algo mais inclassificável e angular, que reflicta o facto do amor ser tudo menos uma coisa certinha. Notas de Amor instala-se nos momentos de limbo entre as grandes decisões; os intervalos que mais medo metem a Margot, que se sente prisioneira de um casamento rotineiro e atraída por um vizinho atiradiço, paralisada pela sensação da vida lhe estar a passar ao lado.

Durante grande parte da sua duração, parece difuso e disperso - faz parte da estratégia de Polley de evacuar qualquer romantismo adolescente para apenas deixar um olhar desapaixonado mas nunca cruel sobre o preço das escolhas que fazemos. Tem a seu favor uma actriz de eleição que parece estar a especializar-se nestes papéis de mulheres em crise, Michelle Williams; tem contra um abuso de canções (de gente recomendável como Feist e Micah P. Hinson) que parecem metidas a martelo para sublinhar o que não precisa de ser sublinhado.

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