Ministra alemã da Educação investigada por suspeitas de plágio no doutoramento

Dúvidas sobre tese de Anette Schavan, uma importante figura dentro do partido da chanceler alemã, Angela Merkel, não são boas notícias para a CDU quando se aproxima a campanha para as legislativas de Setembro.

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Conselho Científico da Universidade de Düsseldorf vai pronunciar-se sobre a tese de Anette Schavan Odd Andersen/AFP

A Universidade de Düsseldorf abriu um inquérito no caso do doutoramento da actual ministra federal de Educação, por suspeitas de plágio.

As suspeitas em relação à tese de Annette Schavan, 57 anos, colega de partido e de Governo de Angela Merkel, avolumavam-se há meses. Agora, com 14 votos a favor e uma abstenção, o conselho científico da faculdade considerou que as alegações são suficientemente fortes para uma possível retirada do título, e aprovou um procedimento para determinar se as acusações têm ou não fundamento.

Ninguém sabe quanto tempo demorará o processo, nota a emissora alemã Deutsche Welle. Mas funcionará como uma espécie de peso sobre uma coligação e num partido que se prepara para eleições nacionais em Setembro.

A tese de 1980 e 351 páginas versa estudos sobre a formação de carácter e de consciência. Foi defendida na universidade que agora pretende esclarecer se houve ou não má conduta da autora, que é uma figura de primeira linha da CDU. Em 2004, Annette Schavan chegou a ser dada como presidenciável, e antes disso tinha sido ministra da Cultura, Juventude e Desporto no estado de Baden-Württemberg. Tentou chefiar o governo regional, mas perdeu a corrida interna na CDU.

A propósito das suspeitas de plágio, a ministra de Merkel está sob fogo da oposição, mas também é defendida por alguns académicos que consideram aquelas alegações “absurdas”.

As primeiras dúvidas foram publicadas em 2012 por via anónima na Internet, na sequência de uma série de “caçadores de plágios” que surgiram na Alemanha depois de se ter descoberto o plágio envolvendo o antigo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, no ano anterior, e também relacionado com o doutoramento do governante. Este último viu-se forçado a abdicar do cargo devido a esse escândalo.

No início de Maio de 2012, a própria ministra reagiu, dizendo que estaria disponível para prestar contas sobre a redacção da tese, criticando, porém, a divulgação anónima de suspeitas. Um primeiro parecer – elaborado por um especialista – foi divulgado pela revista Spiegel, sem antes ter sido visto pela ministra.

Uma série de académicos vieram em defesa de Schavan, dizendo que as acusações não pareciam tão graves e que era inaceitável que um parecer saísse primeiro na imprensa. A universidade decidiu assim que um organismo, e não uma só pessoa, faria uma avaliação da tese, e foi essa avaliação que chegou ao fim nesta quarta-feira. Os próximos passos no processo serão anunciados depois da próxima reunião do conselho científico, a 5 de Fevereiro.
 
 

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