Cinco apostas musicais para 2013

Jornalista, crítico e melómano muito assumido, José Reis, responsável pelo "Português Suave", programa da Rádio Universitária do Minho, tenta adivinhar o futuro

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Little Friend

Este é o alter-ego (ou personagem musical) criado por John Almeida, um músico e letrista inglês de ascendência portuguesa a viver no Porto, que em grande parte do seu tempo faz de ama-seca de gente “pouco recomendável” como os Sonic Youth, Tricky ou Patrick Wolf sempre que decidem passar por Portugal. “Sunken Low”, o tema que cheira a boa pop por todos os lados e que se ouve em repetição neste final, é o aperitivo (que sabe a pouco...) para o álbum que dará à costa em 2013.

Yellow



A pop electrónica tem razões para sorrir em 2013. “Wings”, o disco de estreia de Yellow lançado gratuitamente no final deste ano, não se fica pela rima fácil e pelo som copiado de faixa para faixa. Com produção assinada por Beat Laden, o disco viaja entre a pop dançável e a house cantada. Há comparações imediatas: isto soa-nos a Björk aqui e a Imogen Heap ali. Mas voa mais além que essas comparações automáticas. 





Jorge Caiado

É um dos nomes cimeiros da mui recomendável (e portuguesa!) editora Groovement. O jovem produtor lançou neste ano o excelente “Beyond The Atlantic”, conjunto de quatro temas editado pela Balance, selo da lenda da house Chez Damier. Para 2013, as expectativas não podiam estar mais elevadas – mais ainda quando as referências que assume passam por J. Dilla, Onra, Ty, Andres e Hulk Hodn & Hubert Daviz.

Anarchicks

Eis a receita que se apresenta: quatro raparigas (há muito que tínhamos saudades de uma girls band!!), uma guitarra, um baixo, um sintetizador e uma bateria. Vozes que semeiam discórdia e inquietação num tempo em que isso nos alimenta a alma. “Really?!”, o disco de estreia, valerá a pena ser ouvido várias vezes. Pelo rock, pela ousadia, pela falta de pudor em gritar bem alto que a música feita por raparigas é bem melhor que aquela que é feita por rapazes.

Ermo

Ser original num tempo em que a criatividade esbarra, muitas vezes, na cópia fácil é coisa que requer trabalho, percepção da realidade e alguma ousadia. António Costa e Bernardo Barbosa, a dupla que compõe o grupo, passou por isso tudo e em 2012 editou o EP de estreia, depois de integrarem a compilação “À Sombra de Deus” no novo volume. Estamos no lugar em que o canto gregoriano se encontra (de forma nada herege) com as electrónicas ambientais e, sobre eles, há que colocar tudo em cima da mesa: ou se gosta ou se odeia. E este é o melhor elogio que se lhes pode fazer.

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