Líder da oposição cabo-verdiana lamenta ausência de encontro com Passos
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“Não tem sido prática deste Governo envolver a oposição nas relações externas, apesar de a lei o exigir e de ser uma matéria em que o consenso nacional é importante”, afirmou Carlos Veiga, argumentando que, em visitas de personalidades estrangeiras, quando a oposição não é ouvida fica-se sem ter uma visão da realidade do país.
“Não consideramos boa esta prática. O Governo faz questão que as altas entidades que nos visitam não se encontrem com a oposição. É lamentável, mas contra isso nada podemos fazer. Poderíamos fazê-lo por outras vias, mas não queremos criar constrangimentos aos que nos visitam”, sustentou.
Para o líder do MpD, quando a oposição junta a sua voz à do Governo, a “força do país é maior”, pelo que só isso justificava ouvi-la nas questões de política externa.
“Não solicitei [um encontro com Passos Coelho], até porque, no passado, quando o fiz, não foi dada a oportunidade de ter um diálogo sério com quem nos visita. Antecipando esses constrangimentos, não solicitámos qualquer encontro”, disse.
Sobre o objectivo da cimeira, em que se pretende recentrar a cooperação na vertente económico-empresarial, o líder partidário considerou-o “normal” numa relação “tão íntima” como a que existe entre Portugal e Cabo Verde. “Vemos com bons olhos esta cimeira, porque consideramos que dois países e dois povos com uma ligação tão íntima têm de se reunir, conversar e discutir juntos problemas que, às vezes, até são comuns. O contexto internacional em que os dois países trabalham é similar e afecta a todos”, afirmou.
Carlos Veiga reivindicou que as parcerias empresariais de maior sucesso foram feitas na altura em que o MpD foi Governo (1991/2001) e que a posição do partido, desde então na oposição, não mudou. “Tem de haver uma solução ganhadora para todas as partes. Mas consideramos normal que haja, não sei se é uma recentragem, mas que haja uma relevância grande nas relações económicas e empresariais bilaterais", disse.