Tawadros II é o novo papa dos cristãos coptas do Egipto

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O ritual da escolha do novo papa decorreu na catedral de Abbasiya, no Cairo Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters

Oito meses depois da morte de Shenuda III, a Igreja Ortodoxa Copta do Egipto escolheu um novo papa. O bispo Tawadros foi o escolhido para liderar a maior comunidade cristã do Médio Oriente.

A escolha foi anunciada na catedral de Abbasiya, no Cairo. De acordo com a tradição, os nomes dos três candidatos escolhidos numa votação anterior – os bispos Tawadros e Rafael e o padre Ava Mina – foram depositados numa urna colocada no altar. O nome do novo papa da Igreja Ortodoxa Copta foi então determinado pelas mãos de um rapaz, de olhos vendados, que retirou da urna um nome ao acaso.

"O papa Tawadros II é o 118º [líder da igreja]", anunciou o papa interino, Pachomius, que liderou os coptas desde a morte de Shenuda III. A cerimónia oficial está marcada para o dia 18 de Novembro.

Tawadros tem 61 anos e é bispo na região do Delta do Nilo, a Norte do Cairo. O novo papa copta distingue-se pela capacidade de comunicação e tem defendido uma co-existência pacífica na sociedade egípcia, à semelhança do seu antecessor.

O Partido Justiça e Liberdade, da Irmandade Muçulmana, já enviou as felicitações à Igreja Ortodoxa Copta pela escolha do novo papa. Numa declaração publicada na sua página no Facebook, o líder do partido, Saad al-Katatni, mostrou-se "optimista em relação à cooperação com o líder espiritual dos irmãos coptas" e afirmou que conta com Tawadros II "para pregar a moral e reafirmar os valores de liberdade, justiça e igualdade".

A queda de Hosni Mubarak, em Fevereiro de 2011, agravou o sentimento de marginalização da comunidade copta. Um mês antes da queda de Mubarak, um atentado fez 23 mortos e 79 feridos, a maioria dos quais cristãos que saíam de um igreja copta em Alexandria, depois da missa de Ano Novo.

Já depois de a revolução popular ter provocado a queda de Mubarak, 13 pessoas foram mortas, a 8 de Março de 2011, em confrontos entre muçulmanos e coptas no Cairo, onde cerca de mil cristãos protestavam contra um incêndio no sul da capital. Em Maio do mesmo ano, confrontos entre muçulmanos e coptas resultaram em 12 mortos e mais de 200 feridos na capital, depois de um ataque contra uma igreja e um novo incêndio. E em Outubro, 27 pessoas morreram durante uma marcha pacífica no Cairo que o Exército dispersou ao tiro e à bastonada.

O anterior papa, Shenuda III – que liderou a igreja copta cristã durante quatro décadas – morreu em Março, aos 88 anos. Líder carismático, mas também polémico, Shenuda III conduziu com mão-de-ferro a comunidade copta no país, que representa 10% da população de 83 milhões, e foi uma voz a favor da unidade entre as igrejas e os fiéis. Viria a ser o primeiro papa copta a visitar os Estados Unidos e, no interior do Egipto, passaria do confronto à conciliação com o poder, num país maioritariamente islâmico.

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