Embrulhar caixotes e bancos em celofane para mudar Lisboa

"A Mudar Lisboa" é um projecto de dois jovens que querem mostrar que é possível mudar sem sair do país. Desde o início do mês, já foram feita 30 intervenções

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Caixotes do lixo e bancos de jardim começaram a surgir em vários locais de Lisboa embrulhados em papel celofane transparente, envoltos com uma fita-cola com a palavra "frágil" e um aviso escrito a tinta: “A Mudar Lisboa”. Os responsáveis são dois jovens lisboetas, que começaram no início deste mês um projecto para mostrar que é possível fazer-se mudanças, sem sair do mesmo sítio.

“Usámos a fita [com a palavra] ‘frágil’ e o celofane para embrulharmos as coisas e mostrar às pessoas que estamos em mudança, mas que não é preciso ir lá para fora. É mudar cá e mudar a nossa mentalidade”, disse Miguel Martins, de 22 anos, à agência Lusa. “Aludir à mudança”, mas “não a uma mudança que seja necessariamente geográfica”, reforçou Isabel Pereira, de 21 anos.

A primeira ideia de muitos jovens estudantes universitários e recém-licenciados quando concluem os cursos é emigrar, e os amigos de Isabel e Miguel não são excepção. Foi numa das muitas conversas entre amigos que se lembraram de criar o “A Mudar Lisboa”. “Tentamos mostrar que se calhar não é isso [o caminho]. Cá temos muitas coisas boas e podemos criar, recriar, refazer, ajudar. Lisboa é uma cidade incrível”, referiu Isabel.

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Trinta embrulhos

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Desde 7 de Outubro, Isabel e Miguel já fizeram cerca de 30 intervenções, embrulhando caixotes do lixo, bancos de jardim, pilaretes, ecopontos e até um carro. A Lusa acompanhou Isabel e Miguel em duas intervenções na zona do Chiado e, nos dois casos, eram muitos os que paravam para tentar perceber o que ali se passava. Miguel garante que o "feedback" tem sido bastante positivo, mas que são mais os turistas quem os aborda a perguntar o que é “A Mudar Lisboa”.

Para os mais tímidos, Miguel e Isabel criaram uma página na rede social Facebook e um blogue, dedicados ao projeto. Aí, é possível acompanhar, através de fotografias e vídeos, as várias intervenções, ficar a conhecer o conceito, e até contactar os autores. Quando questionados sobre que objecto mais gostariam de embrulhar na cidade, esta estudante de Direito e este recém-licenciado em Design respondem: “o Marquês de Pombal”.

“É um pilar grande de Lisboa, um grande símbolo. Ao embrulharmos os caixotes, bancos, carros, as pessoas acham piada e tentam conhecer o projecto. O Marquês é uma coisa grande e vão ver logo. Depois é ir subindo e embrulhar a Câmara ou uma outra estátua, um prédio”, disse Miguel. O jovem lisboeta lembra que o "A Mudar Lisboa" é “um dos vários avisos que artistas fazem na cidade em relação à crise e ao que é preciso mudar”.

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