Vítor Gaspar considera que esforço está repartido por todos

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Vítor Gaspar diz ser pouco útil comparar Portugal com a Grécia Enric Vives-Rubio

O ministro das Finanças garantiu que o pacote de medidas de austeridade anunciado pelo Governo basta para Portugal atingir “os efeitos esperados” e considerou que o esforço dos portugueses está repartido por todos.

Em entrevista à SIC, esta noite, Vítor Gaspar foi confrontado pelo jornalista José Gomes Ferreira com uma mensagem escrita de uma telespectadora, que expunha a sua situação financeira e familiar – um ordenado base de 630 euros, divorciada e com dois filhos – e que perguntava ao ministro como vai viver a partir de agora. “O que eu respondo a essa senhora, que tem uma vida dura, uma vida difícil [é que] a situação que vivemos exige esforço e sacrifício de todos”. Foi neste contexto que defendeu que “esse esforço está repartido rigorosamente por todos”. “As medidas anunciadas hoje são suficientes para conseguir os efeitos esperados”.

À porta dos estúdios da SIC, em Carnaxide, o ministro foi recebido por protestos. Nessa altura, quando foi questionado por uma jornalista sobre as dezenas de pessoas que o aguardavam, comentou que não se tratava “de todo” de uma manifestação espontânea, mas de uma “manifestação orquestrada”, sem indicar a quem se referia.

Ao longo da entrevista, defendeu a descida das contribuições das empresas para a Segurança Social como uma medida destinada a “acelerar o processo de ajustamento”, conter o desemprego, reduzir as importações e aumentar as exportações.

Quando foi questionado sobre como é que o Governo pode obrigar as empresas a baixarem os preços, para estimular o mercado interno, defendeu que a baixa da Taxa Social Única dá às empresas “capacidade para diminuir os preços”. Quando foi perguntado se é ingenuidade pensar que as empresas vão baixar os preços porque está a fazer esse apelo, Vítor Gaspar disse: “Não devemos subestimar o efeito da opinião”.

Vítor Gaspar não respondeu directamente, quando lhe foi perguntado, se vai recuar na descida da TSU, tendo a troika revisto em baixa as previsões económicas para 2013 (uma queda do PIB de 1% no conjunto do ano e um desemprego na ordem os 16%). O ministro citou ainda uma expressão repetida pela troika para avaliar o programa de ajustamento, observando que a economia portuguesa está a enfrentar “ventos contrários” ligados à crise global.

Quando questionado sobre se as medidas de austeridade não vão transformar Portugal numa Grécia, considerou que as comparações “são pouco úteis” e elogiou as características dos portugueses: “Dialogamos, combatemos, construímos (…) e fazemos isso à portuguesa”.

Gaspar referiu-se ainda ao Presidente da República, considerando que Cavaco Silva “exerce uma magistratura de influência” e sobre quem diz acreditar que actuará “com a máxima sabedoria”.

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