Bonsai

Por vezes, é na desconstrução que está o ganho - é o caso deste segundo filme do chileno Cristián Jiménez, que utiliza uma estrutura de constantes flashbacks e flash-forwards para contar a história de um amor de juventude e das suas sequelas futuras por interposta literatura. No passado, dois colegas de faculdade partilham o nunca terem lido Proust (mas fingir que sim) como ponto de partida para a sua paixão; no presente, Julio finge estar a transcrever um novo romance de um escritor veterano para não perder face perante uma amiga, mas o que está realmente a escrever é a história do seu romance com Emilia. Jiménez gere com assinalável elegância e inteligência os vários tempos da história criada pelo romancista Alejandro Zambra, constrói um filme delicioso que fala do amor e da literatura como bases para uma vida - real ou inventada - com um sentido de humor tão seco como melancólico. É uma pequena, e muito agradável, surpresa.

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