Barcelona e Real Madrid jogam o primeiro clássico de uma nova era

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José Mourinho Foto: Juan Medina/Reuters

O Real Madrid é exactamente o mesmo da época passada, até porque ainda não contratou qualquer jogador. O plantel do Barcelona também está quase igual, destacando-se as entradas de Jordi Alba e Alex Song. Apesar de tudo isto, pode dizer-se que a primeira mão da Supertaça espanhola (21h30, SP-TV) é o primeiro clássico de uma nova era.

Porquê? Primeiro, porque Pep Guardiola já não está sentado no banco do Barcelona. Agora é tempo de Tito Vilanova, que era adjunto, provar que tem capacidade para liderar a máquina catalã.

E também é uma nova era porque José Mourinho regressa à Catalunha pelo Real Madrid, depois de finalmente ter vencido em Camp Nou (1-2 na época passada), num jogo que simbolizou a passagem de testemunho do título para a equipa da capital espanhola.

Aquele jogo a 21 de Abril (apesar de ter sido apenas a segunda vitória de Mourinho em 12 jogos do Real frente ao Barça) quebrou uma barreira psicológica e serviu para quebrar o domínio do Barcelona, que Mourinho recusa catalogar como "hegemonia": "No meu país não se pode falar em hegemonia quando ninguém ganhou duas Champions seguidas", argumentou ontem Mourinho numa conferência de imprensa tranquila, em que fez questão de desvalorizar a Supertaça, considerando que é a prova menos importante e que não terá impacto no resto da época.

"Penso que é um jogo que não vai marcar nada, mas, se pudesse escolher, escolheria a época passada: perder a Supertaça e ganhar a Liga. Se perder fosse uma motivação para ganhar a Liga, assinaria já, mas creio que não será assim", disse Mourinho.

Apesar de o treinador desvalorizar publicamente este embate, o jornal "El País" conta que Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, pediu a Mourinho para dar a esta competição a mesma importância que dá às outras. É que, como a segunda mão da Supertaça se realiza em Madrid (na próxima quarta-feira), o líder madridista nem quer imaginar o cenário de o Barça festejar um troféu no Santiago Bernabéu - e o mesmo sucederá com Mourinho, que, segundo o mesmo jornal, tem encarado os últimos dias com a mesma tensão com que costuma encarar os momentos decisivos da temporada.

No lado do Barcelona, Tito Vilanova elogiou o seu plantel e não deixou sem resposta as declarações feitas por Mourinho de manhã: "Cada pode dizer o que quiser. O que sei é que esta equipa fez coisas espectaculares: 14 títulos em 19, não sei se isso é hegemonia. Algumas equipas, quatro ou cinco, serão recordadas para sempre pela forma como jogaram, como o Milan de Sacchi ou como este Barcelona."

A primeira mão da Supertaça, onde Pepe estará ausente, será também mais um episódio na rivalidade entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi e um dos últimos duelos antes da atribuição da Bola de Ouro deste ano. Messi começou a época com maior fulgor, mas curiosamente não marca ao Real Madrid há um ano (quatro jogos) - um contraste com o que se passara anteriormente, até porque Casillas é o guarda-redes a quem o argentino mais golos marcou (13).

Com um ambiente bastante tranquilo antes desta Supertaça - a contrastar com o que se passou há um ano, quando Mourinho meteu um dedo no olho de Vilanova -, a polémica desta vez trava-se nos bastidores e com a Federação Espanhola, que fez um acordo para as próximas cinco edições da Supertaça se disputarem num só jogo, na China, a troco de 40 milhões de euros. Uma mudança que, segundo o jornal Ás, não agrada a Barcelona e a Real Madrid, até porque não foram ouvidos.

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