Sismos no Irão causaram mais de 300 mortos e 3000 feridos

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Os hospitais estão sobrelotados e alguns feridos estão a ser tratados na rua Foto: Kamel Rouhi/AFP

O número de vítimas dos dois sismos que abalaram o noroeste do Irão no sábado voltou a subir: pelo menos 306 pessoas morreram e 3037 ficaram feridas, segundo o balanço feito nesta segunda-feira pelo ministro da Saúde. Agora que terminaram as buscas, as autoridades concentram esforços no socorro às populações afectadas.

Ontem, os números oficiais davam conta de 227 mortos mas hoje o ministro Marzieh Vahid Dastjerdi explicou no parlamento que, entretanto, muitos feridos acabaram por morrer no hospital. Além disso, algumas vítimas foram enterradas pelos familiares mesmo antes de as autoridades chegarem aos locais. O governo iraniano já declarou dois dias de luto na região.

Os sismos de magnitude 6,3 e 6,4 na escala de Richter, registados às 16h53 e às 17h04 (hora local) de sábado, a cerca de 50 quilómetros da província de Tabriz, deixaram a região em estado de sítio. Os abalos destruíram totalmente 20 aldeias e cerca de 130 ficaram bastante danificadas.

Os maiores estragos e o maior número de mortos registaram-se nas aldeias próximas das cidades de Ahar, Varzaghan e Harees, perto de Tabriz, na região montanhosa a noroeste do Irão, onde vivem cerca de 300 mil pessoas junto às fronteiras com o Azerbaijão e a Arménia.

“As operações de busca e salvamento terminaram e estamos agora a trabalhar para garantir as necessidades dos sobreviventes em termos de abrigo e comida”, disse o ministro do Interior iraniano, Mohammad-Najjar, citado pela agência de notícias AFP.

O governo acredita que não deverá haver mais desaparecidos e até rejeitou a ajuda internacional oferecida pelos Estados Unidos, Turquia, Tailândia, Singapura e Alemanha, argumentando que consegue resolver o problema com os recursos do país. Mas os relatos de médicos e de habitantes contradizem essa versão.

Os médicos não têm mãos a medir com tantos feridos. Os hospitais na cidade de Ardabil, capital de Tabriz, estão sobrelotados, com longas filas de espera, e as macas já se amontoam pelas ruas. Muitos feridos têm sido transportados para as urgências pelos próprios familiares, porque as ambulâncias não chegam.

Milhares de pessoas passaram as últimas duas noites em acampamentos improvisados. Segundo a BBC, o Crescente Vermelho iraniano distribuiu já seis mil tendas a cerca de 16 mil pessoas que ficaram desalojadas, juntamente com toneladas de comida, água e medicamentos. A televisão estatal adianta que foram entregues 44 mil caixas de comida e milhares de cobertores, e em Teerão formaram-se longas filas de pessoas que fizeram questão de doar sangue e bens essenciais.

Contudo, um membro do parlamento citado pela Reuters disse que ainda há pessoas sem comida e sem água em algumas aldeias. “Apesar das promessas das autoridades, poucos primeiros socorros foram distribuídos na região e a maioria das pessoas não tem tendas. Se a situação continuar, o número de mortos vai aumentar”, disse Abbas Falahi.

A região vive Invernos muito rigorosos e por isso o Presidente, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou a reconstrução imediata das aldeias destruídas pelos sismos, prometendo fundos para reerguer as casas.

O Irão está situado em várias falhas sísmicas importantes e já registou numerosos sismos devastadores. Nos últimos 40 anos ocorreram sete sismos com magnitude de 6 ou superior num raio de 300 quilómetros em relação aos sismos de sábado. O mais mortífero dos últimos anos matou 31.000 pessoas na cidade de Bam, no Sul do país, em Dezembro de 2003.

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