Mordomo do Papa vai ser julgado por furto qualificado no caso “Vatileaks”

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Informático da Secretaria de Estado do Vaticano acusado de cúmplice Paolo Cocco/AFP

Não será apenas o mordomo do Papa, Paolo Gabriele, a ser julgado no caso da fuga de documentos oficiais do Vaticano, mas também um informático da Secretaria de Estado, Claudio Sciarpelletti, que aparece pela primeira vez associado ao escândalo “Vatileaks”.

Gabriele será julgado por furto qualificado, Sciarpelletti, por dissimulação, anunciou esta segunda-feira o juiz de instrução Piero Bonnet num comunicado difundido pelo Vaticano.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, garantiu numa conferência de imprensa que Sciarpelletti, programador informático do governo central do Vaticano, teve um papel “marginal” e por isso não pode ser considerado um cúmplice.

Sciarpelletti foi detido em Maio mas está em liberdade. Foi apenas suspenso das suas funções “por precaução”, mas não deixou de receber o seu salário.

Lombardi adiantou que o julgamento não será antes de 20 de Setembro e que ainda poderão surgir outros nomes de envolvidos no escândalo da fuga de documentos secretos que este ano abalou o Vaticano.

O mordomo do Papa foi detido no final de Maio e desde 21 de Julho aguarda pelo julgamento em prisão domiciliária. Até aqui, era o único nome que se sabia envolvido na fuga de centenas de documentos secretos do Vaticano.

Gabriele terá entrado no escritório do secretário particular do Papa, Georg Gänswein, e apoderou-se de centenas de cartas e emails sigilosos que fotocopiou e, durante os meses de Janeiro e Fevereiro, foi passando a jornalistas.

O porta-voz do Vaticano relevou também as conclusões de um relatório psiquiátrico sobre o estado mental do acusado, que revelou uma “trágica contradição” entre “a intenção de Gabriele de fazer o bem” ao Papa e “a gravidade dos actos cometidos”.

Um dos especialistas notou ainda um “desconforto psicológico grave, caracterizado por ansiedade, frustração, raiva e tensão”.

Casado e pais de três crianças, tem sido descrito como um homem discreto. Entre uma “pilha de documentos armazenados na maior desordem”, foram apreendidos, no seu apartamento, um cheque de 100 mil euros endereçado a Bento XVI, uma pepita de ouro e uma edição da Eneida datada de 1581. Ofertas do Papa, concluiu o juiz de instrução.

Começou a trabalhar com ele em 2006, como mordomo. Estava encarregado de preparar as vestes cerimoniais e acompanhava-o no papamóvel.

Notícia actualizada às 14h10
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