Há uns largos anos, a italiana Lina Wertmüller chamou a um filme seu O Fim do Mundo na Nossa Cama Habitual numa Noite de Chuva. O novo filme de Abel Ferrara aplica literalmente à sua história esse título: 4.44 Último Dia na Terra é o fim do mundo vivido por um casal de artistas nova-iorquino do seu apartamento com vista para a cidade. Mas o resultado apenas confirma que Ferrara está preso no colete-de-forças da nostalgia de um certo romantismo do cinema independente nova-iorquino que ajudou a moldar. Mais do que do literal fim do mundo, é do fim do seu mundo que Ferrara está a falar, do fim dessa ideia da Nova Iorque selvagem e romântica - o que o torna também num filme de teimoso “velho do Restelo” que procura sem arte adaptar-se aos tempos modernos (ai aquelas conversas por Skype, ai aquela omni-presença das imagens de televisão). E, no processo de querer tornar as suas fraquezas em forças, o cineasta rende-se a um histrionismo narcisista e algo vão, onde só a espaços reconhecemos a sua velha fúria.
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