Mentes Poderosas

O segundo filme do espanhol Rodrigo Cortés, depois de Enterrado, confirma o peso que nuestros hermanos estão a ganhar na produção corrente do cinema de género, tendo pegado no testemunho do filme fantástico para adultos que Hollywood deixou cair quando se virou para o 3D e para as remakes. Mas Mentes Poderosas (que é, basicamente, um filme espanhol com um elenco americano) revela também que não chega ter savoir-faire técnico e boas ideias de argumento (e Cortés tem que chegue das duas) para ganhar um filme. É preciso ter uma noção de até onde se pode esticar a corda - e este thriller à volta de uma equipa de cientistas cépticos que investigam fenómenos paranormais confrontados com o regresso inesperado de um médium recluso desintegra-se quando Cortés a estica para lá do que ela sustenta. E um filme que quer navegar nas mesmas águas de um Christopher Nolan (pensar no Terceiro Passo) acaba por ficar mais perto das manipulações desavergonhadas de um Brian de Palma no seu pior. Nem a segurança que Cortés demonstra na gestão do filme nem o excelente elenco, maioritariamente desaproveitado (Robert de Niro em piloto automático e Elizabeth Olsen sem nada que fazer) mereciam o desastre final. É o segundo filme, pode ser que o realizador espanhol recupere, fica o benefício da dúvida.

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