Médicos não estão disponíveis para fazer greve com enfermeiros

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Médicos manifestaram-se quarta-feira frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa Foto: Carla Rosado

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) recusou hoje a ideia de uma greve conjunta com os enfermeiros, uma ideia equacionada por representantes destes profissionais presentes na manifestação dos clínicos, quarta-feira.

Durante a manifestação dos médicos vestidos com bata branca, frente ao Ministério da Saúde, quarta-feira, o secretário-geral do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, anunciou que uma greve conjunta dos vários sectores da saúde pode estar para breve.

José Carlos Martins disse que esta é “uma forte possibilidade”, nomeadamente se o ministro Paulo Macedo “continuar esta linha de emagrecimento do SNS” (Serviço Nacional de Saúde).

Hoje, num comunicado publicado na sua página de Internet, o SIM declina a proposta. “Apelos a uma actuação sinérgica no futuro imediato só poderão ter do Sindicato Independente dos Médicos uma resposta: não, obrigado”, lê-se.

À TSF, Roque da Cunha, presidente do SIM, declara que não faz, neste momento, sentido falar de uma greve conjunta dos vários sectores da saúde. “Os médicos estão solidários com os enfermeiros. No nosso ponto de vista, estamos neste momento concentrados naquilo que foi a greve, que está a ser a greve dos médicos. Questões políticas mais gerais, no nosso ponto de vista, neste momento, não fazem qualquer sentido. Têm a nossa solidariedade, mas os médicos não gostam de fazer greve, não querem fazer greve por sistema.”

Roque da Cunha diz que, da parte dos médicos, tudo foi feito para que as conversações com o Executivo chegassem a bom porto, e que cabe agora ao ministro da Saúde dar o primeiro passo.

A iniciativa tem de ser da tutela, "porque foi o Ministério da Saúde que quebrou as negociações, formalmente, através de uma carta que dirigiu aos sindicatos. Naturalmente, o que nós esperamos é que esta súbita capacidade de construção, de diálogo, de apresentação de medidas se mantenha nos próximos dias. Não faria sentido nenhum que, agora, o Ministério da Saúde voltasse áquilo que era antes da greve, que era não negociar de forma séria com os sindicatos. O que nós vamos fazer é, com toda a certeza, manter a capacidade de diálogo que temos tido nos últimos tempos. O que esperamos é que a vontade do Ministério da Saúde seja real e que não seja unicamente apresentar medidas pontuais através da comunicação social. Os médicos demonstraram que essa táctica não serviu de efeito.”

De recordar que na quarta-feira, o primeiro dia de greve dos médicos, o ministro disse no Parlamento estar disponível para negociar e relembrou que a tutela pretende contratar dois mil profissionais.

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