Director do SIED incomodado com ‘fugas’ para a imprensa

O social-democrata Matos Correia revelou hoje ter recebido uma manifestação de desagrado do director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) por terem saído para a imprensa informações discutidas na sua última audição no Parlamento, à porta fechada.

Durante uma reunião da comissão parlamentar de Defesa, o presidente e deputado do PSD, José Matos Correia, manifestou “profunda incomodidade” e “desagrado” aos deputados e funcionários presentes e admitiu deixar de realizar este tipo de audições à porta fechada caso se repitam estas “fugas de informação”.

“Recebi um surpreendido e preocupado telefonema do director do SIED (...) infelizmente nem as reuniões à porta fechada resolvem o problema”, lamentou Matos Correia.

Em causa está uma notícia do jornal Público após a última audição do director do SIED, Casimiro Morgado, na comissão parlamentar de Defesa, a 12 de Junho, que dava conta de que o serviço teria informado o Governo com uma semana de antecedência da iminência de um golpe militar na Guiné-Bissau.

O presidente da comissão parlamentar de Defesa insurgiu-se contra os “intérpretes” da informação, porque “não há coincidência” entre o que foi dito por Casimiro Morgado e o que “saiu na imprensa”, considerando que passar informação a jornalistas de reuniões fechadas “não é digno da Assembleia da República nem do mandato de deputado”.

Matos Correia advertiu ainda que os deputados da Assembleia da República correm o risco de no futuro só terem acesso a informação irrelevante: “Se eu fosse o director do SIED da próxima vez só trazia lana-caprina para a audição”.

“Espero que seja a última vez que isto aconteça, senão proporei outras medidas, como não haver mais reuniões destas à porta fechada”, afirmou José Matos Correia, dirigindo-se a todos os que estiveram presentes na audição com o director do SIED.

Todos os grupos parlamentares presentes - PSD, PS, CDS e BE - concordaram com a advertência feita pelo presidente da comissão de Defesa, convergindo no entanto na ideia de que esta não é uma matéria “de resolução fácil”.

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