Uma História de Gangues

É difícil não sentir simpatia por um filme que ainda quer, contra tudo e contra todos, acreditar na “santa e viril amizade” de um certo filme negro “à francesa” que encontrou a sua expressão mais pura nas obras imortais de Jean-Pierre Melville. Claro que Olivier Marchal, ex-polícia reconvertido na realização, não é Melville (nem mesmo Jacques Deray...) - e Uma História de Gangues tem qualquer coisa de formatação televisiva no genérico desadequado, na banda-sonora grandiloquente, nas constantes idas e vindas entre as duas épocas temporais onde decorre esta fita inspirada pelas memórias do gangster Edmond Vidal.


Mas isso não impede que o filme seja percorrido por esse desejo mais forte do que a razão de recuperar o que já não volta mais, pela nostalgia impossível do velho polar à francesa; e o próprio desenrolar da narrativa sugere que o próprio realizador sabe que não há como voltar atrás. Sobra um policial entre o escorreito e o banal, com um perfume de naftalina e uma performance assombrada de Gérard Lanvin.

Sugerir correcção
Comentar