Jogar a final em casa é vantajoso embora o anfitrião não ganhe sempre

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Adepta do Bayern Munique junto a um cartaz com jogadores do Chelsea Foto: Adrian Dennis/AFP

Oficialmente, a final deste sábado da Liga dos Campeões será disputada num estádio neutro. Contudo, exceptuando o facto de o adversário ter direito aos mesmos bilhetes (17.500), o Bayern Munique estará na realidade a jogar em casa, mesmo que a UEFA altere a designação da Allianz Arena para Fußball Arena München durante os encontros sob a sua égide. Mas, afinal, conhecer os cantos da casa constitui uma grande vantagem? À partida, sim e o histórico das competições europeias confirma o que parece senso comum. Mas existem exemplos nos quais o Chelsea poderá encontrar conforto para hoje.

Esta será apenas a quarta vez nas 57 edições da Taça dos Campeões/Liga dos Campeões que um dos finalistas jogará no seu estádio, uma amostra pequena para analisar. O cenário já se teria repetido mais vezes, se o conceito original dos fundadores da competição se mantivesse: depois da edição inaugural em Paris, o plano era que ao vencedor fosse atribuída a organização da final seguinte, mas a ideia foi abandonada após uma época, o que evitou que o Santiago Bernabéu, por exemplo, fosse o palco escolhido cinco vezes seguidas.

Nas três ocasiões anteriores, houve dois triunfos para o visitado e um para o visitante. Em 1956-57, na segunda edição da prova, o Real Madrid ganhou em casa à Fiorentina (2-0) o segundo dos seus cinco títulos consecutivos. Em 1964-65, o Benfica também não conseguiu contrariar o factor casa e perdeu 1-0 com o Inter Milão, em San Siro, onde o clube italiano só sofreu um golo nessa campanha. Em 1983-84, por outro lado, o público da casa saiu triste do Olímpico de Roma. O Liverpool tornou-se o único a bater o anfitrião da final na principal prova europeia de clubes, mas só no desempate por penáltis, pois após os 120" o resultado era de 1-1.

Além destes três casos, houve mais oito finais realizadas no país de um dos finalistas. O saldo também é favorável a quem jogava "em casa", com cinco vitórias (Manchester United em 1968, novamente com o Benfica do lado dos vencidos; Ajax em 1972; Liverpool em 1978; Juventus em 1996; B. Dortmund em 1997) e três derrotas (Stade de Reims em 1956, Barcelona em 1986 e M. United em 2011), o que aumenta o total para 7-4 a favor dos visitados na Champions.

O caso do Sporting

Um exemplo bem conhecido dos portugueses de que nem sempre é favorável jogar no próprio estádio aconteceu em 2005, quando o Sporting perdeu a final da Taça UEFA em Alvalade com o CSKA Moscovo, por 1-3. No outro caso registado nesta competição, o Feyenoord superou o Borussia Dortmund na última das dez finais europeias disputadas na "Banheira" de Roterdão (3-2). Na Taça das Cidades com Feira, antecessora da Taça UEFA/Liga Europa (embora não reconhecida pela UEFA como uma prova europeia), o Ferencvaros surpreendeu a Juventus (0-1) no Estádio Comunale, actual Olímpico de Turim, na edição de 1964-65.

O outro exemplo de um finalista a actuar no seu recinto sucedeu na Taça das Taças de 1981-82, com o Barcelona a não desiludir os seus adeptos diante do Standard Liège (2-1). Nesta prova há, porém, mais duas finais não no estádio, mas na cidade de um dos finalistas, com os locais a superiorizarem-se sempre: em 1976, no Estádio Rei Balduíno, o Anderlecht derrotou (4-2) o West Ham, que 11 anos antes tinha batido (2-0) o 1860 Munique em Wembley. Entre estas duas finais, em 1967, o Bayern não precisou de sair da Baviera (Nuremberga) para conquistar o troféu perante o Rangers (1-0). O único caso que poderia estragar o currículo perfeito dos anfitriões na Taça das Taças aconteceu em 1981: o Carl Zeiss Jena perdeu com o Dínamo Tbilisi, em Düsseldorf, mas na altura era um clube da RDA e a partida aconteceu no antigo território da RFA.

No conjunto de todas as provas, os finalistas que actuaram no seu país venceram o dobro das vezes do que os visitantes (12-6), mas o saldo é menos desequilibrado (4-3) quando uma das equipas jogou no seu próprio estádio. O Bayern, que só perdeu uma vez em casa com uma equipa inglesa (Norwich) e é recordista com 31 jogos caseiros consecutivos sem perder na Liga dos Campeões entre 1998 e 2002, está em vantagem? A questão ficará respondida à noite. Em Munique

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