É impossível olhar para "Na Terra de Sangue e Mel" sem pensar “olha, aqui está mais uma estrela de Hollywood a manifestar a sua má consciência ocidental falando de um assunto sério”. Mas a primeira realização de Angelina Jolie é tudo menos capricho de diva a brincar aos cineastas: o seu olhar sobre o conflito dos Balcãs pelos olhos do romance entre uma muçulmana bósnia e um militar sérvio é significativamente mais sério e ponderado do que a aparência dá a entender, concentrando a sua história na dimensão humana da guerra e, sobretudo, em dois excelentes actores que aguentam muito bem o que o filme lhes pede. O problema reside noutro lado: o filme joga-se todo entre a secura do filme-testemunho e a tentação do melodrama de guerra, e Jolie nem sempre consegue gerir adequadamente a corda bamba entre ambos, nem escapar à sisudez institucional que o assunto impõe. Ainda assim: na lista de celebridades de Hollywood a experimentar a realização, Jolie é (felizmente) mais George Clooney do que Madonna, e ter conseguido levar a cabo um filme sério sobre um tema difícil é digno de nota. E viesse Na Terra de Sangue e Mel com outra assinatura que não haveria tanto pé atrás para ver o filme.
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