Bon Iver, a revelação

Foi logo com a sua primeira nomeação nos Grammys que a banda de Wisconsin levou para casa o Grammy de Artista Revelação e ainda o troféu de Melhor Álbum Alternativo

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helenadagmar/Flickr

Ouvi pela primeira vez Bon Iver no Verão de 2010. Foi um atraso de três anos em relação à data em que a banda foi criada. Mas, com a quantidade de vezes que a voz de Justin Vernon se ouve no meu quarto ou no iPod, posso dizer que tenho vindo a recuperar o tempo perdido.

 


“Come on skinny love what happened here?” – foi esta pergunta, feita pelo cantor e compositor norte-americano Justin DeYarmond Edison Vernon, no single “Skinny Love”, que me agarrou, e acredito que a muitos, à banda de que ele é líder. A música faz parte do primeiro e incrível álbum do grupo de Wisconsin.

 


Com 26 anos, e durante três meses, o americano de barba e cabelo desarrumados isolou-se numa cabana no Norte de Wisconsin e, inspirado pela atmosfera rústica, criou um conjunto de músicas que deram origem ao álbum “For Emma, Forever Ago”. Este período de hibernação de Vernon traduziu-se na melancolia inerente às músicas do disco ao estilo indie folk, essencialmente centrado na voz do americano e na sua guitarra acústica.

 


Para um amigo de Vernon, e naquela que me parece uma óptima descrição, este primeiro álbum da banda reflecte o que é estar sozinho em Wisconsin, “no final de Novembro, quando o sol se vai embora e a natureza em vez de ser um conforto, torna-se uma força implacável que enche a alma de vazio”.

 


O jovem norte-americano, agora com 30 anos, escreveu todas as músicas daquele álbum e também do mais recente, “Bon Iver, Bon Iver”. Talvez por isso, e por ser Vernon o vocalista, a banda Bon Iver é frequentemente associada apenas à sua personagem principal. Mas a verdade é que do grupo fazem também parte Michael Noyce, Sean Carey e Matthew McCaughan.

 


Foi o trabalho conjunto destes quatro rapazes, com a participação de outros músicos, que levou este ano Bon Iver pela primeira vez aos Grammys Awards. E foi logo com a sua primeira nomeação que vieram as suas duas primeiras conquistas: a banda de Wisconsin levou para casa o Grammy de Artista Revelação e ainda o troféu de Melhor Álbum Alternativo, com a sua última obra “Bon Iver, Bon Iver”.

 


Esta último disco distingue-se visivelmente do primeiro. Agora, a acompanhar a voz e a guitarra de Vernon há sintetizadores, saxofones, trompetes, piano e bateria e o cantor explora novas registos, fazendo deste álbum uma obra mais “cheia” e mais sofisticada.

 


Para Vernon, Bon Iver “é mais um sentimento do que um projecto musical” e cada música do novo disco “representa um lugar”. Para mim, mais do que lugares, as músicas de Bon Iver representam uma companhia. Uma companhia que sabe bem. E por isso a banda é presença assídua no blogue onde todos os dias escolho a banda sonora do meu dia-a-dia.

 

 

Quanto à minha chegada atrasada até ao artista e à chegada do grammy cinco anos depois do aparecimento da banda podemos cantar com Vernon “And I told you to be patient/ And I told you to be fine”...

 

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