Banega candidato ao título no campeonato das lesões estúpidas

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Éver Banega Foto: DR

Sim, é uma chatice perder seis meses de carreira por causa de um acidente estúpido. Mas, ao deixar-se atropelar pelo seu próprio carro numa estação de serviço, o futebolista argentino do Valência Éver Banega garantiu um lugar de destaque na história. Pelo menos na história dos acidentes incríveis protagonizados por desportistas. Que nem são assim tão poucos como isso.

Especialistas em olhar para o lado bom das coisas, os britânicos Monty Python não teriam dúvidas em atribuir ao infeliz futebolista um título muito cobiçado: o de homem mais estúpido do mundo. Pelo menos foi isso que aconteceu num dos seus famosos sketches – uma competição destinada a encontrar o mais obtuso dos seres humanos terminava com a vitória de um homem que tinha conseguido ser atropelado pelo próprio carro... Cruel, sem dúvida, até porque a Banega sucedeu o mesmo que a tantos outros: esqueceu-se de accionar o travão de estacionamento. A partir daí, falou a má sorte e o carro acabou mesmo por atingi-lo, causando-lhe fractura da tíbia e do perónio.

Mas há feridas anímicas que podem também doer muito. Em 2002, a selecção brasileira de futebol sagrou-se campeã mundial pela quinta (e, até ver, última) vez e o capitão de equipa, o defesa Cafu, ergueu a taça. Mas não devia ter sido ele. Esse papel estaria reservado a Emerson. Acontece que o médio, num dos últimos treinos antes da competição, decidiu brincar um bocadinho a guarda-redes e deslocou um ombro, ficando de fora do Mundial...

Algo de muito parecido aconteceu a Cañizares, o guarda-redes da Espanha, exactamente nesse Campeonato do Mundo disputado no Japão e Coreia do Sul. No estágio da selecção, a duas semanas do início da prova, o titular indiscutível da baliza deixou cair um frasco de água de colónia ao sair do duche e, instintivamente, tentou ampará-lo com o pé. Azar: o frasco partiu-se mesmo e um dos estilhaços lesionou Cañizares num tendão, abrindo a porta ao seu suplente, um jovem chamado Iker Casillas.

Lar, duro lar

Alguns destes episódios tragicómicos acontecem longe dos olhares dos colegas e público. Em casa, por exemplo. O central italiano Alessandro Nesta ficou um mês de baixa após romper o tendão do pulso a jogar... PlayStation. O defesa central inglês Rio Ferdinand perdeu um jogo com um estiramento num tendão do joelho – esticou-se no sofá para atender o telefone e zás! O “El Mundo” recorda também a lesão no joelho que custou ao defesa francês Julien Escudé um mês de baixa e uma possível transferência do Sevilha para o Manchester United. Ao passear o cão, este deu um esticão e...

Já o “El País” relata outros três acidentes incríveis. O primeiro, protagonizado pelo guarda-redes do Barcelona Carles Busquets, pai do médio da actual formação azul-grená, que ficou de fora um jogo por ter queimado as mãos ao “defender” um ferro de engomar que caiu da tábua na direcção de um dos filhos. Outro aconteceu a Enrique Romero, lateral-esquerdo do Deportivo da Corunha e da selecção, que decidiu investigar demasiado perto uma víbora presente na pista do aeroporto e foi mordido. Nada de grave, só um jogo perdido. Pior aconteceu a Leonid Slutski, russo, 19 anos, promissor guarda-redes. Tentando salvar o gato do vizinho, que se refugiara numa árvore, acabou por cair e desfazer um joelho - o futebol perdeu um jogador, ganhou um técnico. Hoje, Slutski é treinador do CSKA Moscovo.

E depois há os golos. Martin Palermo, argentino, fracturou a tíbia e o perónio quando foi festejar com os adeptos e uma grade cedeu; o espanhol Sérgio Garcia atirou-se para deslizar de joelhos em celebração e acabou quatro semanas no “estaleiro”; no campeonato dos EUA, Fabian Espíndola, do Real Salt Lake, partiu uma perna ao tentar fazer uns malabarismos no ar. Pior: o golo foi anulado.

Já agora, uma desgraça portuguesa e relativamente recente: Nani falhou a ida ao Mundial 2010 por ter “aterrado” mal após um pontapé acrobático. Deve ter doído.

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