Maldivas emite mandado de captura contra ex-Presidente

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Mohamed Nasheed (ao centro da imagem) na manifestação de ontem em Malé Ishara S. Kodikara/AFP

A notícia foi avançada por responsáveis do Partido Democrático das Maldivas (o mesmo de Nasheed), sem precisar a natureza das acusações que foram formuladas contra o chefe de Estado demissionário, assim como contra o seu ministro da Defesa, Tholath Ibrahim Kaleyfaanu, igualmente visado por mandado judicial de captura.

O novo chefe da polícia do país, mergulhado em enorme tensão desde há um mês, afirmou porém não ter conhecimento da existência de “nenhum mandado”, quando permanece ainda muito confusa a situação política no país.

Na véspera a polícia anti motim dispersara violentamente uma manifestação de apoio a Nasheeed na capital, Malé, na qual o próprio participara, e onde foram registados vários feridos segundo testemunhas no local ouvidas pelas agências noticiosas. O protesto foi classificado como “um acto de terrorismo” pelas autoridades policiais.

Nasheed, numa entrevista dada ontem à agência noticiosa AFP, relatou ter sido “forçado” a demitir-se por um grupo de oficiais da polícia e militares quando se deslocou ao quartel-general do Exército, na terça-feira: “Disseram-me que se não me demitisse, eles fariam uso das armas. Eu tomei isso como uma ameaça. E quis poupar as vidas daqueles que serviam no meu governo”, argumentou.

Antigo activista dos direitos humanos, Nasheed, de 44 anos, tornou-se Presidente em 2008, sendo-lhe creditados esforços de reformas no país, incluindo a do primeiro Governo democraticamente eleito. Desde que assumiu o poder tem enfrentado porém um impasse constitucional, sobretudo porque os partidos que se lhe opõem dominam o Parlamento e são favoráveis ao seu predecessor, Maumoon Abdul Gaymoon, o qual exerceu um regime autocrático durante 30 anos naquele arquipélago do Oceano Índico habitado maioritariamente por muçulmanos sunitas.

O clima de tensão nas Maldivas tem vindo a agravar-se desde que no mês passado o Exército deteve um juiz, acusado de tomar decisões “politicamente motivadas”, incluindo a de libertar um activista da oposição que fora preso sem mandado. Nahseed justificou então a decisão de deter o juiz com o argumento de que este era controlado por Gaymoon – dando azo a uma vaga crescente de manifestações.

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