Europa e o emprego jovem — a luz ao fundo do túnel... ou será só uma vela?

A União Europeia quer dinamizar o emprego jovem, mas é preciso ir mais longe

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FOEI/Flickr

Na semana que passou, o Conselho Europeu e a Comissão agiram contra o desemprego jovem, através da reafectação de verbas do Fundo Social Europeu para investimento em políticas de incentivo ao emprego jovem. O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) acompanha desde sempre a definição de políticas públicas na área e já se demonstrou disponível para colaborar.

A juventude é idealista por definição: acredita na construção de um mundo melhor, acredita que a felicidade, a confiança, a realização pessoal são possíveis, e que é uma questão de tempo até que consigam ultrapassar as barreiras que a separam desses desígnios. Na era em que vivemos, também assumimos esse idealismo, mas paira a questão: até que ponto há esperança?

Há uma geração que é a mais qualificada de sempre, que teve acesso à educação e formação de forma massificada, que se adapta às novas tecnologias. A mobilidade aprofunda o diálogo intercultural, o conhecimento do outro e do Mundo, criando uma certa consciência global nos jovens. Paradoxalmente, vai ser a primeira geração a viver pior do que a que lhe antecedeu. Só que estas palavras já não são novidade para ninguém. Ouvimo-las todos os dias, tal como as palavras “crise”, “desemprego” e “austeridade”.

O que é mais preocupante, neste momento, é o mantra da inevitabilidade. E esse sentimento, instalado na própria União Europeia, faz-nos baixar a fasquia. É sobretudo essa ideia de inevitabilidade, e a incapacidade que a Europa tem demonstrado de tomar passos concretos rumo à resolução dos seus problemas, que não fazem antever nenhum potencial “game changer” europeu. Dos detentores do poder de decisão na Europa não se espera que eles sejam só governantes. A Europa precisa de líderes, que interpretem bem o significado da coesão e da solidariedade.

O maior erro que a Europa pode cometer é pensar que a História não se repete. Com o rebentar da crise económica, brotam os discursos populistas e nacionalistas. A última vez que isto aconteceu foi nos anos 30, com os resultados que se conhecem. O facto de a União Europeia já não ter líderes que tenham vivido a Grande Guerra (Monti é o único nascido antes de 1945) faz com que a importância do projecto europeu, alicerçado na Paz, seja relativizada, sem que se encontre uma solução duradoura e sólida, que nos traga um futuro mais risonho.

As medidas anunciadas são um sinal muito importante e trazem alguma esperança, mas se não forem acompanhadas de alterações corajosas, criadoras de convergência, serão apenas uma pequena centelha, incapaz de iluminar o percurso que a Europa tem de fazer em conjunto.

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